A coluna já se referiu ao novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, de "pré-Posto Ipiranga" porque ele embarcou na campanha de Jair Bolsonaro antes da aproximação do então candidato com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes.
No domingo (15), porém, Bolsonaro usou a mesma frase que consagrou Guedes como seu Posto Ipiranga — "pergunta para o Paulo Guedes" — ao repeti-la sempre que ouvia questões sobre economia em uma época em que estava no ar uma campanha da rede de combustíveis com o slogan "pergunta no Posto Ipiranga". Agora, usa a mesma formulação em relação ao novo ministro:
A sugestão foi feita quando Bolsonaro foi indagado sobre o futuro do atual presidente da Petrobras, José Mauro Coelho. Mesmo antes da resposta que reforçou essa percepção, a situação de Coelho no cargo era vista como instável porque havia sido indicado pelo agora ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Agora, o afilhado ficou sem padrinho em um momento em que não se sabe o que o governo pretende fazer, mas deixa cada vez mais claro que fará rolar uma cabeça a cada novo reajuste dos combustíveis. Complementando a resposta, Bolsonaro afirmou que Sachsida tem, "como todos os ministros", "carta branca para fazer valer aquilo que acha melhor para o seu ministério para melhor atender a população".
Ao afirmar que "ninguém vai tabelar preço de combustível", o presidente voltou a dizer que a "finalidade social" da Petrobras não está sendo cumprida e que a política de preços com paridade internacional (leia mais detalhes abaixo) "só existe no Brasil". Sachsida parece ser, agora, um pós-Posto Ipiranga, que tem poder de vida e morte sobre o presidente da Petrobras, a PPI e os preços dos combustíveis no Brasil. Oremos.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota uma fórmula chamada Paridade de Preços de Importação (PPI), adotada em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como o diesel. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, com preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e margem (lucro) que funciona como um seguro contra perdas.