O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Depois da explosão na demanda por móveis, durante a pandemia, o presidente do Sindimóveis-RS, Vinicius Benini, comenta alguns dos principais resultados e traça os novos desafios. Repetir o desempenho de 2021, de olho no mercado externo, é uma das metas para para manter a produção de móveis em alta no Rio Grande do Sul.
Como foi o desempenho do setor na pandemia?
Com todas as pessoas em casa, começaram a entender a importância de ter um sofá mais confortável, perceber que a cozinha necessitava de ajustes, que a mesa de jantar atendia. Como não se gastava em lazer, esses gastos foram direcionados para melhorias na casa. Foi interessante para o setor no mercado interno e externo. As exportações tiveram acréscimo. É estranho falar, mas comercialmente, a pandemia ajudou o setor moveleiro. O próprio teletrabalho, entra nessa conta, pois muita gente teve que adaptar a casa. É claro que não se pode dizer que tudo andou às mil maravilhas, porque, simultaneamente, tivemos de enfrentar a elevação de custos das matérias-primas. Chapas, papelão, isopor, enfim, tudo subiu demais e refletiu nos retornos. A demanda esteve em alta, mas veio junto com uma alta de preços.
O RS estava preparado?
Nunca se está 100% preparado para uma explosão de demanda dessa magnitude, mas até certo ponto, sim, não fosse, justamente, por esse fator limitante que veio com as matérias-primas. As nossas indústrias, também sofreram com a paralisação de fábricas. A retomada foi tão rápida que ninguém deu conta de produzir matéria-prima a ponto de abastecer por completo o mercado. Por exemplo, uma empresa com dois fornecedores que tinha cota de 20 carretas por mês, possuía demanda para vender até 40 carretas, mas não havia disponibilidade para ampliar cotas juntos aos fornecedores. Com a elevação do dólar, os fornecedores começaram a exportar, e isso travou um pouco o mercado interno. Ou seja, apesar dos números do período, poderíamos ter vendido ainda mais.
Agora, quais os desafios?
Aumentamos a base de empregos, ampliamos em 65% o faturamento com as vendas em mercados internacionais, mais de 40% no mercado interno. Todos os números cresceram. Os anos de 2020 e 2021 foram ímpares para o setor moveleiro. Começamos 2022 com um certa enfraquecida, mas tivemos a realização presencial de duas grandes feiras (Fimma e Movelsul), que movimentaram bem o mercado. Seguimos trabalhando e promovendo as nossas empresas com a meta de reaver números, buscar desempenhos semelhantes aos de 2021, porque o mercado está aí. Um dos pontos de sustentação é o fato de que esses dois anos atípicos foram responsáveis pela abertura de muitos mercados novos. A internacionalização das nossas empresas foi turbinada e, agora, os olhos estão ainda mais aguçados para o mercado externo.