Uma das muitas frases de manual em campanhas políticas é "the economy, stupid" (a economia, idiota), formulada pelo consultor James Carville em 1992 para explicar a surpresa com a vantagem do candidato democrata Bill Clinton ante o então presidente George Bush (o pai, falecido em 2o18, não o filho), que buscava a reeleição.
A frase tinha duplo sentido: justificativa e estímulo. Os Estados Unidos enfrentavam recessão, com alto desemprego e redução no poder de compra. Carville explicava a drástica virada na avaliação de Bush pai, de 90% de aprovação em março de 1991, logo após a invasão do Iraque (a primeira, depois o filho fez o mesmo) e os 64% de rejeição em agosto de 1992, a menos de três meses da eleição. E, ao mesmo tempo, recomendava seu uso eleitoral.
Então, sim, a economia sempre tem peso na eleição. Por isso, os economistas criaram uma espécie de indicador, chamado por alguns de "índice de bem-estar", que combina as duas variáveis que mais afetam o bolso do eleitor: desemprego e inflação. A exemplo da época de Bush pai, nenhum desses sinais está positivo para quem tenta a reeleição.
Conforme pesquisa do Datafolha, 53% dos brasileiros disseram que a situação econômica terá "muita influência" na sua decisão de voto. Outros 24% avaliam que a economia tem "um pouco de influência" na escolha. Apenas 21% dizem não ver influência alguma. De fato, é difícil separar votação do cotidiano duro desse momento no Brasil, por mais que parte das mazelas que atingem o país tenham origem no Exterior. Parte.
Mas não custa lembrar que, na eleição de 2018, a expectativa de que o grande tema dos debates seria o pesado endividamento do Brasil, que segue com tonelagem muito semelhante e, embora tenha, sim, afetado a economia, praticamente não foi mencionado na corrida eleitoral anterior à Presidência.
Para pautar o debate econômico da eleição deste ano, já começaram a ser publicados livros com temas essenciais. Um será lançado nesta segunda-feira (30) no Insper, em São Paulo. O livro Para não esquecer: políticas públicas que empobrecem o Brasil (editora Autografia) tem 25 capítulos de 33 autores que analisam políticas públicas implementadas nas últimas décadas com maus resultados.
Outro tem lançamento previsto para 10 de junho, na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro. A obra O Labirinto visto de cima - Saídas para o Desenvolvimento do Brasil (editora Lux) tem organização de Fábio Giambiagi e Ricardo Barboza, com pelo menos 40 autores. Seria bom que ao menos os assessores econômicos dos candidatos e os eleitores interessados no futuro do país lessem.