A liberação do saque de até R$ 1 mil do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS devem injetar cerca de R$ 6,84 bilhões no Estado. Estudo desenvolvido pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL PoA) estima que, desse total, R$ 655,28 milhões serão usados para o pagamento de dívidas — 9,5% do total.
À coluna, o economista-chefe da CDL Poa, Oscar Frank, já havia adiantando que os recursos que começam a ser desembolsados na quarta-feira (20) não seriam necessariamente injetados na economia em termos de bens e serviços. O especialista afirma que este movimento merece "atenção dos empresários".
— A quitação de dívidas tem o objetivo de liberar espaço dentro do orçamento das famílias ao longo do tempo. Ou seja, na medida em que os desembolsos com o pagamento de juros são menores, surgem novas oportunidades para a aquisição de bens e serviços e/ou tomada de crédito.
As medidas fazem parte do Programa de Renda e Oportunidade (Pro), desenvolvido pelo Governo Federal. A projeção é que cerca de 40 milhões de trabalhadores sejam beneficiados pela liberação dos recursos do FGTS, que começarão a serem distribuídos nesta quarta-feira (20). Já o benefício para os aposentados será depositado apenas no segundo semestre, entre agosto e novembro.
Metodologia
Para desenvolver o estudo, a instituição levou em consideração dois fatores. Dos R$ 6,84 bilhões, R$ 4,792 bilhões referem-se ao adiantamento aos aposentados e outros R$ 2,072 bilhões ao FGTS.
Para calcular o impacto do adiantamento do 13º, a CDL Poa consultou os dados da última edição publicada da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), feita em 2018. O estudo indicou que 2,0% dos consumidores gaúchos reservaram seus rendimentos para "empréstimos e carnês". Com isso, a pesquisa aplicou o percentual ao valor de R$ 4,792 bilhões, alcançando o resultado de R$ 95,84 milhões.
Já em relação ao saque de até 1 mil do FTGS, a instituição considerou os dados da Sondagem Especial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feita em setembro de 2020, para entender como receitas excepcionais, foram alocadas pela população no território nacional. O resultado indicou que 27% usou os recursos para pagar dívidas. Aplicando o percentual aos recursos atuais, a CDL Poa alcançou o resultado de R$ 559,44 milhões.
* Colaborou Camila Silva