O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O Governo federal lançou, recentemente, o Programa Renda e Oportunidade (PRO). Entre as políticas anunciadas, estão o adiantamento do 13º salário de aposentados e pensionistas beneficiários do INSS para as folhas de abril e maio – recursos que seriam depositados apenas no segundo semestre, entre agosto e novembro; e a autorização para que cerca de 40 milhões de trabalhadores da iniciativa privada retirem até R$ 1 mil de suas contas vinculadas junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que poderão ser sacados até dezembro.
Conforme o Ministério da Economia, o adiantamento do 13º dos aposentados promove a circulação de R$ 56,7 bilhões para o território nacional. Já os saques do FGTS podem movimentar até R$ 30 bilhões em âmbito nacional.
De acordo com estudo inédito da Assessoria Econômica da CDL POA, o Rio Grande do Sul deverá contar com volume de R$ 4,792 bilhões oriundos da antecipação do 13º e R$ 2,072 bilhões resultantes dos saques das contas do FGTS, atingindo um valor superior a R$ 6,8 bilhões, até o fim do ano.
Segundo o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, é preciso ficar claro que esse valor não será necessariamente injetado na economia em termos de bens e serviços.
– A formação de poupança ou a destinação dos recursos para a quitação de dívidas passadas não impactam diretamente no PIB, embora possam abrir espaço, no futuro, para a aquisição de mercadorias e a tomada de novos créditos – pondera Frank.
Ele conclui que a disponibilidade de liquidez é bem-vinda, ainda mais diante das adversidades existentes no cenário, marcado por inflação e juros elevados e alta taxa de desemprego.
Na metodologia utilizada pela assessoria econômica da CDL POA para o interpretação do cálculo do impacto do 13º dos aposentados, foram utilizados os dados do número de pensionistas e das transferências recebidas por essa parcela da população no Brasil e no Rio Grande do Sul, a partir do IBGE / PNAD, e da estimativa do governo federal para a medida.
Para os cálculos referentes aos saques do FGTS, foram analisadas as estatísticas do mesmo órgão, referentes ao número de trabalhadores de carteira assinada e seus rendimentos no Brasil e no Rio Grande do Sul, além da estimativa do governo federal.