Há perspectiva real de que o racionamento por preço, instrumento escolhido pelo governo Bolsonaro para responder à histórica falta de planejamento no setor elétrico, possa terminar dentro de um mês.
Com a melhora no nível dos reservatórios que fazem diferença para a eletricidade no Brasil, especialistas veem real possibilidade de que a bandeira de emergência hídrica, um pesado extra na conta de luz, termine neste mês. Há expectativa de volta a bandeira verde, ou seja, sem cobrança adicional sobre a conta, que é bastante elevada.
Conforme o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que organiza o abastecimento do país, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que responde por cerca de 70% da armazenagem de água nas hidrelétricas do país, fechou o chamado "período chuvoso" com média de 63,3% . Esse conjunto é chamado de "caixa d'água do sistema", por seu peso no volume total. Essa média dá certa segurança para a chamada "estação seca" nessas regiões, que começa nesta sexta-feira (1º). É quando chove menos, e os reservatórios voltam a baixar.
Depois da pior crise hídrica dos últimos 90 anos, na Região Sul esse indicador segue abaixo de 50%, mas como se trata de barragens com menor capacidade, têm menos impacto no balanço do segmento. No Estado, o cenário é muito irregular: existem usinas com 77% do volume ocupado, como Jacuí, mas outras com apenas 16,5%, como Dona Francisca. Mas mesmo para o abastecimento dos gaúchos, o que conta, mesmo, é a situação da "caixa d'água do sistema".
É um alívio, mas é temporário. Quem toma decisões sobre as bandeiras é a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que baseia sua posição nos dados do ONS, entre outros. Em março, a mesma Aneel aprovou um socorro para o setor que será pago pelos consumidores a partir de 2023. Isso será necessário porque mesmo o reajuste de 49,63% definido em agosto passado não foi suficiente para cobrir os custos da crise hídrica.