A casa da vó. Assim, o empresário e chef de cozinha Marcos Livi define o Parador Hampel (antigo Veraneio Hampel), hotel histórico em São Francisco de Paula, a 112 quilômetros da Capital, que reúne hospedagem, gastronomia e grandes doses de natureza.
Fundado há 120 anos, o Hampel é considerado o hotel mais antigo na região. Por décadas, o local foi referência no setor. Após um longo período fechado, o projeto foi rebatizado e assumido por Livi, que tem vínculos de infância com o local.
— Sou natural da cidade e trabalho há 30 anos em São Paulo. Quando surgiu a possibilidade de comprar a propriedade, pensei nas minhas memórias afetivas com o local. Na década de 1960, o meu pai, um pequeno produtor da região, fornecia ovos e galinhas ao Hampel — relembra.
Pouco antes de fechar o negócio, o empresário ministrou uma palestra na UFRGS e, ao ouvir uma pergunta sobre quando iria investir no Sul, mencionou a possibilidade de comprar o Hampel. Para a sua surpresa, várias pessoas começaram a citar suas memórias afetivas. Naquele momento, entendeu a responsabilidade que tinha em assumir o local.
No primeiro ano, enfrentou um temporal que atingiu gravemente a cidade. Nos dois seguintes, o desafio foi formar mão de obra qualificada:
— Esse ponto é importante, pois se não somos o estabelecimento mais moderno, não temos o piso mais aquecido, temos de investir no cuidado com as pessoas. Nós somos a casa da vó, onde todos são bem recebidos e acolhidos.
A pandemia afetou o negócio. De março a maio de 2020, as portas do Hampel permaneceram fechadas. Aos poucos, as atividades foram sendo retomadas.
— No dia 7 de março, eu fiz um casamento para 200 pessoas, no dia 8, promovemos a primeira edição de um evento que reúne chefs mulheres. Voltei para São Paulo dizendo 'agora engrenou', e dias depois começaram as restrições. Fui de cem a zero. Foi caótica, mas a retomada aconteceu.
Segundo o empresário, o anúncio do seu nome como novo gestor do projeto gerou expectativa sobre como seria a gastronomia. Livi comanda o grupo Bah, responsável por um conglomerado de bares e restaurantes. Apostou em eventos, como o Alemão do Hampel (almoço de sábado) e o A Ferro e Fogo (de domingo).
Durante a semana, é servido o menu degustação Campos de Cima da Serra, com base em produtos locais. Mas tem novidade: em abril, a opção será substituída pelo menu Osso, com pratos que contêm o ingrediente. À noite, serve à la carte, que varia com a época do ano. A intenção é de que os clientes passem o dia a propriedade, uma área de 21 hectares de mata com araucárias e lagos.
— No caso do Alemão, a refeição é servida em quatro tempos de 30 pratos. Ou seja, não é só sobre comida, o cliente recebe as entradas, come e vai ver as trilhas, depois recebe os pratos principais, pode sair e ir conhecer nosso lago. Não é um restaurante formal, é até curioso dizer isso, mas a gente não quer que o cliente vá embora (risos).
O empresário destaca que a natureza é o pilar número 1 do projeto. Por isso, a integração conduz a gestão. Além de conhecer o lago — que tem banquinhos na margem para contemplar a paisagem —, é possível fazer turismo de observação de aves, fazer trilhas e conhecer as cachoeiras do "quintal". Para experimentar um hotel em que nem precisa dormir para aproveitar, é preciso fazer reserva pelo (54) 99674-1502, para hospedagem, e (54) 996929717, para o restaurante.
Esta seção inclui experiências acumuladas ao longo da pandemia e sugestões de leitores. Quem quiser indicar pequenos negócios que se tornam grandes passeios pelas atrações que oferecem, se você tem um destino para recomendar mande pelos e-mails marta.sfredo@zerohora.com.br ou camila.silva@zerohora.com.br ou deixe aqui nos comentários.
* Colaborou Camila Silva