Nas listas de sanções econômicas contra a Rússia, aparecem com frequência nomes de "oligarcas", personagens apontados como pessoas muito próximas do presidente Vladimir Putin e com grande capacidade de mobilizar recursos.
A origem da palavra é grega, e define um governo (arkhein) de poucos (oligoi).
Os oligarcas são os que compõem esse grupo de poder. Aplicado à realidade russa depois do fim da União Soviética (URSS), define o pequeno número de pessoas que se apoderou dos negócios locais a partir de 1991, e obviamente, enriqueceu com isso.
Um dos mais conhecidos oligarcas russos é Roman Abramovich, que anunciou ter transferido a administração do Chelsea para a fundação social do clube de futebol britânico. Isso não significa, porém, que tenha deixado de ser, literalmente, o "dono do time". Depois disso, aceitou um apelo da Ucrânia para que intermediasse as negociações para uma trégua.
Como Abramovich, os oligarcas se originaram do conturbado processo de privatização da Rússia nos anos 1990, especialmente nas áreas de petróleo e gás. Passaram a ter o maior interesse na manutenção desses status, logo dos governantes que chancelam sua atuação. Assim, ganhou força a expressão que indica que fazem parte da estrutura de poder.
Por isso, foi recebido com surpresa, nesta terça-feira (1), o apelo de dois oligarcas para que Putin cesse o ataque à Ucrânia. Mikhail Fridman preside o Alfa Group, que inclui bancos, seguros, varejo e produção de água mineral. Tem fortuna estimada em US$ 11,4 bilhões segundo o Índice Bloomberg de Bilionários. Oleg Deripaska construiu seu patrimônio estimado em US$ 28 bilhões sobre alumínio.
O banco de Fridman é um dos afetados pelas sanções econômicas, e seus pais, ucranianos, vivem em Lviv, no país atacado por Putin. Em carta publicada pelo jornal britânico Financial Times, pediu que "derramamento de sangue termine". Na segunda-feira (28), quando o Banco Central da Rússia elevou o juro anual de 9,5% para 20%, Deripaska fez publicações no Telegram, a rede de mensagens russa, pedindo esclarecimentos e comentários inteligíveis sobre a política econômica para os próximos três meses".
A quebra da oligarquia tem parte da origem em laços afetivos, como no caso de Fridman, mas também é sintoma de que as sanções minaram seriamente a economia russa e o apoio monolítico a Putin dos donos do dinheiro no país.