Na terceira queda significativa durante a guerra entre Rússia e Ucrânia, o petróleo tipo brent chegou a ser cotado abaixo de US$ 100 pela primeira vez em março.
No início da manhã desta terça-feira (15), o preço do barril chegou a US$ 97,72. Na véspera do ataque russo, foi cotado a US$ 95,42. No final da manhã, recuperou o patamar de US$ 100, mas voltou a ficar abaixo dessa barreira, negociado em US$ 99,07.
Os motivos da nova queda - nos últimos dia, já houve um tombo de 13% e outro de quase 6%, na véspera - são os mesmos: a expectativa de algum avanço nas negociações entre Rússia e Ucrânia e volta de surtos de covid-19 na China, que manteve sua política de "covid zero", ou seja, adota lockdowns diante de qualquer aumento de casos.
As novas paradas de produção na China, explicam analistas, afetam o preço do petróleo porque significam menor demanda por combustível. Desde 7 de março, quando o brent roçou os US$ 140 (US$ 139,13 por barril), a cotação já encolheu cerca de 40%.
Conforme estimativas de mercado, isso significa que a defasagem de preços da Petrobras caiu para algo ao redor de 5%. O que será que vai acontecer se a cotação do brent continuar caindo? A Petrobras vai devolver o dinheiro de quem pagou até R$ 10 por um litro de gasolina? Não, não vai. Mas vai inflamar o debate sobre a política de preços, que já incendiou.
Atualização: em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro já cobrou da Petrobras o repasse da queda no preço do petróleo:
— Lamentavelmente, a questão da pandemia — obviamente, vidas não têm preço — e esta questão da guerra lá da Ucrânia têm influenciado a nossa economia. Mas, pelo que indicam os números até agora, em especial o preço do barril de petróleo lá fora, sinalizam para uma normalidade no mundo. E espero que a nossa querida Petrobras, que teve muita sensibilidade ao não nos dar um dia (a queixa sobre o anúncio feito na quinta-feira, mesmo dia que o Senado aprovou "ferramentas" para frear o repasse), retorne aos níveis da semana passada dos preços dos combustíveis.
E insistiu:
— Nos últimos dias, o preço do petróleo tem caído bastante, a gente espera que a Petrobras siga os reajustes. Com toda a certeza a Petrobras vai fazer isso (acompanhar redução do petróleo).
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.