Em um dia dos mais sangrentos na guerra entre Rússia e Ucrânia, com ataques até a uma maternidade, que provocou uma onda planetária de indignação, o mercado de petróleo surpreende com queda de 13%. Neste final da tarde desta quarta-feira (9), o barril tipo brent está cotado a US$ 110. No início da tarde no Brasil, o valor chegou a cair para US$ 106, mas recuperou terreno.
Analistas atribuem parte da queda a declarações tranquilizadores de agentes do mercado, como a Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), de que não faltará petróleo, apesar do embargo dos Estados Unidos ao energéticos russos, mas também a boas expectativas sobre uma negociação entre os dois lados do conflito prevista para a quinta-feira (10).
Será o primeiro encontro em duas semanas de guerra entre os ministros de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, da Ucrânia, e Serguei Lavrov, da Rússia, na Turquia. Em uma rede social, Kuleba afirmou não ter "expectativas altas" sobre o resultado — contrastando com a disposição do mercado —, mas avisou que vai "tirar o máximo proveito disso".
Outro motivo para a relativa tranquilização na cotação do petróleo é a declaração do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, de que está disposto a fazer "concessões" para encerrar o conflito com a Rússia. Acompanhando a queda na cotação, as bolsas europeias deram pinotes nesta quarta-feira (9): Frankfurt saltou 7,9%, Paris, 7,1%, Milão, 6,94%, enquanto Londres também subiu "normais" 3,25%.
Nesta quarta-feira (9), a EIA anunciou a maior liberação de estoques de petróleo da história, com 61,7 milhões de barris vindos das reservas estratégicas dos países-membros (clique aqui para ver a nota, no original em inglês). A entidade informou que isso corresponde a apenas 3% do total guardados para emergências, que chega a 1,5 bilhões de barris, além de mais 575 milhões sob a guarda de empresas do setor.