O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
CEO da Bateleur, e sempre atento aos mais diversos setores do mercado, Fernando Marchet comenta os efeitos projetados pela guerra na economia gaúcha. Com as commodities, principalmente as agrícolas, em foco, ele chama a atenção para os benefícios e riscos nas cadeias produtivas.
Existem empresas gaúchas beneficiadas com a guerra?
Com uma guerra convivendo com o mercado global, é preciso avaliar o tempo de duração, a profundidade, quem vai estar envolvido, etc. Falamos do que se percebe hoje, que é muito volátil, mas, em cima das dúvidas, tanto sobre a guerra quanto nas sanções, as comodities se destacam. A Gerdau, por exemplo, está em segmento que envolve metálicos e sofre pressões de preços por todos os lados, mas permanece beneficiada, razão pela qual o papel em bolsa respondeu rapidamente. Nas agrícolas, é preciso ver a SLC, além de outras empresas que que operam com produção e venda, mesmo sem estar na bolsa.
Para essas, qual é o efeito?
O Estado é rico desses pares. Os papeis que envolvem grãos, no curto prazo, tem melhora mais rápida, pois se beneficiam diretamente do valor nominal e mesmo que a margem fique igual ou perca-se um pouco, o volume de resultado associado à geração de caixa traz efeitos positivos.
Inclusive nas cadeias?
Há cadeias em movimento e a relação entre o conflito e os preços, que juntos elevam a expectativa de inflação global, no médio prazo, geram necessidade de ajuste na demanda por grãos e, parcela significativa disso vem do ambiente de proteína animal. É algo importante para o Estado, nas carnes, como frango e suínos, ocorre o inverso, não temos papeis gaúchos em bolsa, mas já se pode se antecipar a questão de custos. No curto prazo, as favorecidas são as que estão com grãos e com insumos em mãos para o setor primário, mas, logo ali na frente, quando se considera o ajuste do mercado teremos um fator relevante. Se a guerra acabar veremos essas indústrias de proteínas sofrendo por um bom tempo e no RS de forma mais ampliada por conta da seca.