O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Em 2021, o emplacamento de carros elétricos teve alta de 77% no país. Para o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Adalberto Maluf, o desempenho, considerado um marco para o setor, coloca em evidência a necessidade de infraestrutura para atender a nova demanda por energia.
Até quando a infraestrutura do país sustentará taxas de crescimento como as de 2021?
O Brasil está menos distante do resto do planeta. Somos o melhor mercado do mundo, nossa matriz é limpa. Finalmente, crescemos um pouco. Falamos ainda em menos de 1% da frota de veículos, mas quando tivermos em 100%, seria apenas 9% a mais no consumo de energia. Segundo dados da CPFL, até 2030, se chegarmos a 30% da frota, o acréscimo seria de 1,7% sobre a demanda anual. Aliás, o mundo utiliza isso como instrumento de redução do pico, porque nos horários de maior demanda há incentivos tarifários para colocar o carro elétrico e tirar a casa da rede. A bateria dos carros pode tirar uma casa da rede. Na China, por exemplo, já se utilizam grandes frotas de caminhões para prover energia em fábricas.
E se fossem usadas térmicas?
Estatísticas mostram que mais de 90% da recarga é noturna e 99% dessa energia é renovável, comprada no mercado livre de Usinas Eólicas e PCHs (Pequenas Hidrelétricas). Na Europa, os carros elétricos reduzem, no pior cenário, que é a Polônia, em 39% as emissões de CO2 equivalente. No melhor, o da Suécia, em 72%. Não queremos carros elétricos abastecidos por térmicas de carvão. Mas, mesmo que se utilize térmicas para a geração de energia, o carro elétrico vai produzir menos poluentes.
Como deve ser a transição?
A Europa puxa a fila. Transporte público será o primeiro passo. Em seguida, vem a logística verde nas empresas. Em razão da redução de custos, estimada para 2023, os híbridos crescem, mesmo por aqui, onde faltam políticas públicas. Vale lembrar que o Brasil tem o etanol que é renovável e faz todo sentido para os híbridos. Nos pesados e utilitários, o mundo já caminha muito rápido para a eletrificação plena.