Depois de quatro anos de atividades fora do Estado, a 051Capital, que tem até o prefixo de Porto Alegre no nome, vai desembarcar de fato na cidade.
Criada pelo gaúcho Luciano Brochmann depois de sair da XP, a gestora de patrimônio será liderada na capital gaúcha pelo economista Vinicius Telló, que acumula passagens por escritórios que administram fortunas milionárias, como a Puras Investimentos (de Hermes Gazzola), a Cia Zaffari e a Gerval Investimentos (da família Gerdau Johannpeter).
Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Telló (com dois Ls, diferentemente do parente distante mais famoso, o cantor Michel) acumula 10 anos de experiência no mercado financeiro. Com o novo escritório, que vai funcionar na Nilo Peçanha, em frente ao Iguatemi Corporate, a 051 Capital terá cinco no total: no Rio, em São Paulo, em Teresina (PI), e em Recife (PE).
Brochmann disse à coluna que o modelo de operação é de single family office. Ao contrário dos "múlti", que crescem pelo país, isso significa que o alvo são poucas famílias — entre 10 e 15 por unidade —, mas com muito dinheiro, pelo menos R$ 100 milhões. Atualmente, cuida do patrimônio de 14 grupos familiares, somando R$ 3,5 bilhões sob gestão.
— Atuamos com um modelo de hiperpersonalização, cuidamos não só dos investimentos, mas de sucessão, da parte tributária. Era uma tristeza ainda não ter escritório em Porto Alegre, mesmo atuando desde 2018. Um dos motivos foi pela dificuldade de encontrar o profissional mais adequado. Escolhemos com muito cuidado, porque não há segunda oportunidade de causar a primeira boa impressão — disse Brochmann à coluna.
— Estava querendo empreender, e o Luciano queria montar uma estrutura aqui. Conhecia bem a 051, é um modelo de negócio em que acredito, tem pessoas íntegras, corretas, dispostas a ouvir — afirmou Telló.
Ambos veem conflito de interesses no modelo de investimentos via corretora e bancos, por envolver venda de produtos da mesma instituição. Segundo Telló, a 051 opera com "zero conflito", atuando apenas com o foco das necessidade dos clientes. Brochmann assegura que toda a receita vem da gestão:
— Não tem um centavo de rebate, comissão, taxa de distribuição, consultoria, corretagem.
Como são poucos os que têm R$ 100 milhões para contratar a 051, a coluna quis saber onde a empresa investe. Brochmann diz que usa as aplicações convencionais — crédito, multimercado, ações, fundos imobilários, títulos públicos —, mas também as "alternativas", como venture capital, private equity (participação em empresas) e ações judiciais. Detalha que algumas dessas operações são feitas de forma conjunta entre vários escritórios que administram patrimônios substanciais.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo