A estreia do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), pesquisado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), confirmou que, em vez de disparar com a "inflação do aluguel", o IGP-M, o valor da locação caiu 0,61% na média das quatro cidades pesquisadas no acumulado de 2021.
Em Porto Alegre, recuou 0,35% no ano passado em relação ao anterior, e em São Paulo, a redução chegou a 1,83%. Mesmo onde subiu mais, em Belo Horizonte, limitou-se a 1,46%, menos de um décimo da variação do IGP-M. No Rio, houve pequena alta de 0,46%.
A primeira divulgação do novo indicador foi feita nesta terça-feira (11) e confirmou as suspeitas do coordenador de preços da FGV Ibre, André Braz:
— No auge da pandemia, houve queda no custo do aluguel. O índice materializou essa negociação, que qualquer outro não registra.
Sobre a possibilidade de o Ivar substituir o IGP-M na indexação de contratos de aluguel, Braz ressalta que o Ibre não recomenda uso de indicadores:
— Nosso papel é oferecer, e o mercado usa os que melhor refletirem cada segmento.
O coordenador detalha que houve "descolamento histórico" entre o IPCA e o IGP-M, que provocou a reflexão sobre a necessidade de um novo índice. O Ivar, detalhou Braz, vai se refletir em outros indicadores do Ibre FGV, como as séries de Índices de Preços ao Consumidor (IPCs) e também os levantamentos para a série dos IGPs.
Nos IPCs, atualmente são colhidos dados em sete cidades, as quatro já contempladas pelo Ivar mais Recife, Salvador e Brasília. A intenção, diz Braz, é assim que possível ter um Ivar próprio em cada uma das sete capitais. Enquanto isso não ocorre, será considerada a média nacional para as que ainda não têm apuração própria.
A coluna quis saber se há previsão de criar também um Ivac, ou seja, um índice de preços de aluguéis comerciais. Braz disse considerar pertinente, mas ponderou que não sabe se "pertence à pauta de novidades do Ibre no curto prazo". A coluna ainda confessou a Braz que comparou o Ivar ao "VAR" entre inquilinos e proprietários. O economista achou graça:
— É isso mesmo.
Os principais índices de inflação
IGPs: Índices Gerais de Preços, calculados pela Fundação Getulio Vargas. Têm três variações, IGP-M, IGP-DI e IGP-10, com diferença apenas no período de apuração. Cada um é composto por três componentes: Índice de Preços no Atacado (IPA), com peso de 60%, Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30%, e Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), com peso de 10%.
IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, calculado pelo IBGE, é considerado oficial porque serve de referência para o Banco Central calibrar o juro básico. Mede variação de preços de produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre um e 40 salários mínimos.
INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, também do IBGE, mede avariação nos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre um e oito salários mínimos. É a referência para negociações de reajustes salariais.
IPCs: Índices de Preços ao Consumidor calculados pela FGV, tem quatro variações, entre as quais a mais conhecida é o IPC-S.