Nesta terça-feira (18), o barril de petróleo tipo brent atingiu valor alto em mais de sete anos. Está cotado a US$ 88 em Londres, quebrando o recorde de 30 de outubro de 2014, de US$ 86,74.
O preço, que já vinha em alta, foi pressionado por uma suspeita de ataque com drone que teria provocado a explosão de três caminhões de combustível em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, na segunda-feira (17).
Rebeldes huthis do Iêmen reivindicaram a autoria do ataque, que deixou dois indianos e um paquistanês mortos e um incêndio em área próxima ao aeroporto de Abu Dhabi. Em percentual, o impacto nos preços, desta vez, foi menor do que o ocorrido no primeiro ataque com drone registrado a instalações de petróleo, em setembro de 2019, ao menos percentualmente. Mas aumenta a pressão por uma solução que amorteça esse tipo de impacto no preço dos combustíveis no Brasil.
Ainda mais porque, na mesma segunda-feira (17), a Petrobras anunciou oficialmente ter atingido o recorde de produção no pré-sal em 2021, com 1,95 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boed), o que corresponde a 70% da produção total da companhia, de 2,77 milhões de boed no ano passado. No ano anterior, havia sido alcançada a marca de 1,86 milhão de boed, 66% da produção total da estatal.
Não se trata de intervir na petrolífera que o ministro da Economia, Paulo Guedes, chama de "nem tatu nem cobra", estendendo o diagnóstico já feito sobre o Banco do Brasil. Ambas não são nem estatais puras, nem empresas de mercado, mas um híbrido, daí a metáfora animal. Mas não é possível que um país acossado por uma inflação só comparável a um período pré-recessivo e com tamanha capacidade de produzir petróleo não encontre uma solução para o problema.
Em ano eleitoral, será uma missão quase impossível. Vai alimentar, inclusive, discursos populistas durante a campanha. Mas, quem sabe, no calor do debate da sucessão inflamada por preços em combustão, a pressão cresça a tal ponto de tornar inevitável o surgimento de uma política pública minimamente racional.
Mesmo depois do aumento de quase 5% da gasolina nas refinarias, por decisão da Petrobras, o mercado ainda estimava que havia reajustes represados. As projeções variavam de 12%, na XP, a 5% na Ativa, ainda com o preço da época. Agora, ainda que a política de preços da estatal tenha incluído a estratégia de não repassar volatilidades, ainda ameaça com novas altas de curto prazo.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação, adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — medida pela cotação do brent —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.