Desde janeiro de 2019, as reservas cambiais do Banco Central (BC) acumulam redução de US$ 9,5 bilhões, resultado de intervenções mais pesadas no mercado de câmbio.
Esse estoque protege o Brasil de estresses cambiais ainda maiores e evita que, como a Argentina, seja preciso recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para buscar socorro. Permite até que o ministro da Economia, Paulo Guedes, mande embora a missão do FMI no Brasil.
Assim como boa parte da atividade econômica, a pandemia afetou as reservas: o nível mais baixo no governo Bolsonaro foi registrado em abril de 2020, com US$ 339,3 bilhões. Na época, isso representou uma redução, em relação a janeiro, de US$ 37.667 bilhões, quase 10% do volume total. Depois, o BC tratou de recompor os estoques cambiais, com ênfase no salto entre julho (US$ 355,7 bilhões) e agosto (US$ 370,4 bilhões).
Essa montanha de dólares sobre a qual o BC está sentado valeria R$ 2 trilhões nesta quinta-feira (30) em que a cotação da moeda americana cai quase 2% (ufa!). Em um país em que mesmo uma "invenção" de R$ 110 bilhões no orçamento é insuficiente para cobrir todas as necessidades, inspirou vários debates sobre a necessidade de manter tamanho volume armazenado.
Mas basta olhar o que ocorre na Argentina para perceber a importância da muralha verde que dá condições também para que o Brasil adote um novo marco cambial, como o sancionado nesta quinta-feira (30) pelo presidente Jair Bolsonaro. A lei 14.286/2021 permitirá que, dentro de um ano, brasileiros tenham conta em dólar. Para que essa possibilidade não se converta em cassino, é bom que se mantenha a solidez das reservas.