O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Investidores brasileiros estão saindo enquanto os estrangeiros ingressam no mercado acionário nacional. A constatação é de Eduardo Tellechea Cairoli, sócio-fundador do Privatto, na carta mensal do Multi Family Office, de novembro.
Isso acontece, segundo o documento, em razão do chamado “tapering”, anunciado pelo Banco Central dos Estados Unidos, o Fed. Na prática, a palavra que pode ser traduzida por “afunilando” vai retirar de forma gradual os incentivos monetários de R$ 120 bilhões mensais, criados durante a pandemia, para a recompra de títulos no mercado de capitais norte-americano.
A ideia é reduzir em US$ 15 bilhões o ritmo mensal das operações e já se fala em ampliar o corte de volumes para antecipar o fim dos estímulos. O motivo? Conter a inflação que bate à porta dos 5% nos Estados Unidos.
Para mensurar os impactos sobre as demais economias, aponta Cairoli, o mercado começa a acompanhar o início do ciclo de alta de juros, por lá, com maior atenção.
Por aqui, após a divulgação dos resultados das empresas nacionais, o Ibovespa exibia relação entre preço e lucro de 6,25 vezes na primeira semana de novembro – patamar bastante semelhante ao observado durante a crise do subprime em 2008.
Por outro lado, diz, há uma clara assimetria: o ingresso de investidores estrangeiros na bolsa foi de R$ 12,44 bilhões em outubro, o que eleva para R$ 82,49 bilhões a soma de capital externo em 2021. Ainda assim, o mês passado selou a quarta queda consecutuva do Ibovespa.
O tombo, desta vez, é fruto da PEC dos precatórios e do receio sobre o risco fiscal do país. As esperadas altas para inflação e juros em razão do descontrole dos preços no país também fazem com que os ativos de renda fixa chamem a atenção dos investidores. Isso acontece, mesmo que uma série de ações brasileiras, hoje, estejam com cotação abaixo do valor de mercado.