Foi aos 47 minutos do segundo tempo, mas a Latam apresentou seu plano de recuperação ao ao Tribunal de Falência dos Estados Unidos em Nova York, em medida que barrou uma oferta hostil da Azul.
Desde maio passado, executivos da Azul falavam publicamente em comprar a concorrente, não só a parte brasileira, mas toda a companhia hoje mais chilena (Lan) do que brasileira (TAM), enquanto os da Latam negavam a hipótese com veemência.
"Oferta hostil" ou "compra hostil" é um mecanismo de mercado pelo qual um investidor interessado no controle de uma empresa adquire ações sem a concordância do proprietário. Pela proposta encaminhada à Justiça dos EUA às 22h de sexta-feira (26), data em que terminava o prazo, será preciso aportar US$ 8,2 bilhões na Latam. O objetivo é sair do chamado Chapter 11, equivalente no Brasil à recuperação judicial. A dívida da companhia aérea chega a US$ 18 bilhões (hoje, R$ 100 bilhões).
Conforme Roberto Alvo, CEO global da Latam, o plano tem a concordância de 71% dos credores, mais do que os 66% exigidos pela lei americana. Uma das formas de aporte será a emissão de ações ordinárias no valor de US$ 800 milhões, mas aberta apenas aos atuais acionistas da Latam.
Nesta segunda-feira (29), a Azul capitulou. Em nota, revelou que havia apresentado, de forma confidencial, proposta de "combinação de negócios" com a Latam que incluía cerca de US$ 5 bilhões de financiamento em ações. E lamentou que a concorrente não tenha aceitado.
Também criticou o plano apresentado, por considerá-lo "incapaz de gerar sinergias" e avisou que, agora, vai cuidar do próprio negócio, sem deixar de examinar possibilidades de consolidação: "a Azul continuará focando em suas vantagens competitivas exclusivas proporcionadas por sua malha única e sua frota flexível, complementada pelo alto potencial de crescimento de negócios como a Azul Cargo, Azul Viagens e TudoAzul, e avaliando futuras oportunidades de parceria e consolidação".