Com um Programa de Crescimento Verde com mais enunciados do que ações debaixo do braço, o Brasil se prepara para a COP26, a 26ª Sessão da Conferência das Partes do Painel de Mudanças do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU).
A coluna acredita que é melhor ter um plano esboçado, ainda que sem dados e metas, do que não ter nada, mas o teste definitivo começa em Glasgow, capital da Escócia, no sábado.
Mesmo quem tenta arduamente ter uma visão positiva sobre o plano admite que ainda é algo muito "incipiente". Nem o que aparecia nas primeiras especulações - uma Cédula de Produto Rural (CPR) Verde, que permite negociar carbono capturado pela preservação de áreas de floresta dentro de propriedades agrícolas - e um financiamento de R$ 10,6 bilhões para empreendimentos sustentáveis e programas de infraestrutura verde está escrito em algum lugar.
Embora os anfitriões sejam escoceses, são os americanos os mais interessados no sucesso da COP26, depois da aposta do presidente Joe Biden na Cúpula do Clima. Se o Brasil não der sinais de claro desafio ao combate às mudanças climáticas, a tendência dos diplomatas americanos é dar sinais mais duros nos bastidores e mais benévolos em público. Nessa visão seria "cedo para manifestar ceticismo", embora haja expectativa pelo detalhamento e explicaçao do plano, mesmo depois do lançamento formal, na segunda-feira (25).
Mas o discurso que ministros e assessores estão ouvindo é o de que, já agora, e com mais intensidade depois da COP26, empresa e investidores de todo o mundo passarão a tomar decisões de comércio e compras baseados no "fator reputação". A do Brasil, como se sabe, não é boa.
Isso significa que um país não alinhado ao combate das mudanças climáticas pode ficar fora do jogo Eventuais sanções unilaterais ou multilaterais de países ao Brasil são consideradas "medidas muito contundentes". Mas as da iniciativa privada não estão descartadas.