O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A offshore do ministro da Economia Paulo Guedes, nas Ilhas Virgens, tem dado o que falar. O caso, exposto pelo consórcio de jornalistas, Pandora Papers, levantou um turbilhão de suspeições diante das pessoas que associam “paraíso fiscal” com “ilicitude”, o que não é e jamais será uma regra no mudo dos negócios.
Deixando de lado polêmicas e eventuais conflitos conflitos de interesse, existe outro ponto que chama a atenção. É que a figura do ministro – um dos “Chicago Boys”, formado pela Escola de Chicago, defensora do livre mercado –, pressupõe um perfil arrojado de investimentos, correto?
Pelo contrário: o desempenho da offshore, apontam alguns analistas, pode indicar que a estratégia foi, sim, muito “contida”. Entre 2014 e 2019, ou seja, antes da posse, o Patrimônio Líquido (P/L) da empresa passou de US$ 8 milhões para US$ 9,5 milhões, segundo os documentos divulgados.
Gestor de investimentos da Warren, Igor Cavaca explica que a rentabilidade (18,75% no período, ou 3,75%, ao ano) é baixa para os padrões internacionais. Ele diz que “provavelmente” a opção tenha sido por “carregar” em produtos de renda fixa (menor risco), em dólar, o que resulta em taxas inferiores às encontradas por aqui, no país.
Valter Bianchi Filho, da Fundamenta Investimentos, faz ressalvas quanto a inexistência de históricos de movimentação e eventuais saques no período. Talvez, comenta, isso justifique o desempenho “conservador” quando o foco se restringe à evolução do P/L em cinco anos, sobretudo, na relação com o bom desempenho da bolsa norte-americana em igual período de tempo.