A Operação Lava-Jato acabou no Brasil, com contribuição decisiva do governo Bolsonaro, mas continua provocando desdobramentos. Ao menos, nos Estados Unidos.
Na terça-feira (12), feriado no Brasil, o Departamento de Justiça (DoJ, equivalente ao Ministério da Justiça no Brasil), informou que o ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich foi condenado a 20 meses de prisão.
Em 2019, Grubisich havia sido preso no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. O motivo, conforme a acusação, foi a criação de um fundo secreto milionário para subornar funcionários públicos e partidos políticos do Brasil e, assim, obter contratos vantajosos com a Petrobras.
Grubisich foi presidente da Braskem entre 2002 e 2008. Nesse período, Grubisich circulou muito no Rio Grande do Sul. Antes de a Braskem se tornar a multinacional que é hoje, com instalações na América do Norte e na Europa, o polo petroquímico de Triunfo era uma dos principais ativos da companhia.
Além de Grubisich, outros funcionários da Braskem e da Odebrecht (hoje chamada Novonor) estão envolvidos no episódio delatado por personagens hoje históricos da Lava-Jato: o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
O caso chegou à Justiça americana porque a Braskem se tornou uma multinacional, com unidades inclusive nos EUA. Para obter um acordo com a Justiça americana, tanto a Braskem quanto a Odebrecht se declararam culpadas das acusações. Com isso, a pena de prisão e as multas foram reduzidas, mas mesmo assim houve um confisco de US$ 2,2 milhões (pelo câmbio atual, R$ 12,2 milhões) e pagará multa extra de US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões).
Conforme os termos da confissão, Grubisich ajudou a encobrir o esquema, falsificando registros contábeis e comunicações à SEC, responsável pela fiscalização do mercado de capitais nos EUA.