Uma iniciativa do Itaú Unibanco deu o sinal dos efeitos que o open banking pode provocar: dono de metade da empresa ConectCar, o bancão passou a oferecer gratuitamente para 60 milhões de clientes a tag que dispensa parada nos postos de pedágio.
A novidade não é tão significativa do ponto de vista do custo do serviço, de até R$ 17,90 mensais, mas indica um caminho que os grandes bancos vão trilhar. Terão de oferecer vantagens para não perder clientes na concorrência que cresce com a possibilidade de negociar linhas de crédito com outros fornecedores sem perda de vantagens obtidas pelo bom relacionamento.
O Itaú é dono da metade da ConectCar. Em junho, a outra metade, da Ultrapar – que negocia a compra da Refap –, foi vendida à Porto Seguro, que, por sua vez, tem o Itaú como sócio, com 43% do total das ações. Dentro de uma semana, quem tem a tag da marca e um cartão de crédito do Itaú se tornará isento da mensalidade. Em novembro, o banco vai oferecer sua própria tag, também sem a cobrança mensal, mas será preciso pagar R$ 20 de adesão e R$ 30 para a primeira recarga.
Como o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, havia advertido, o open banking não terá adesão rápida de grandes massas, porque há uma diferença fundamental entre os dois serviços. Enquanto o Pix é uma ferramenta, o open banking é um sistema, mais complexo e abrangente, com desdobramentos.
O que é open banking
O princípio é de que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições. Por isso, o BC passou a exigir que as instituições financeiras cedam essas informações quando o cliente autorizar.
Para que serve
O objetivo é permitir que as pessoas movimentem suas contas entre diferentes instituições financeiras sem perder a vantagem do bom relacionamento, conforme o que for mais conveniente. Veja mais detalhes na área do BC destinada ao assunto clicando aqui.
Como funciona
Só vai entrar no open banking quem quiser ter acesso a produtos e serviços de outros bancos. Esse cliente vai receber consulta sobre seu interesse em compartilhar dados cadastrais (nome, CPF, endereço, estado civil, e-mail, renda ou faturamento, nomes de pai, mãe e cônjuge) e transacionais (extrato da conta, posição em investimentos, carteira de crédito).
O consentimento
O processo precisa de dupla aceitação: o cliente precisa autorizar a instituição X a pedir seus dados e a instituição Y a fornecê-los. Também é preciso especificar a finalidade. Se foi permitido o compartilhamento de informações para uma oferta de crédito, por exemplo, não podem ser empregadas em outro tipo de operação.
A migração
Caso o cliente aceite, os dados vão migrar do banco A para o banco B, por prazo determinado, no máximo 12 meses. Se o correntista mudar de ideia, pode cancelar o compartilhamento a qualquer momento. As informações não poderão ser usadas pelo sistema financeiro como um todo, mas apenas entre as instituições que tenham expressa liberação do interessado.
Sem assédio
Toda a comunicação, entre os bancos e com os clientes será feita por meio dos aplicativos, quer dizer, não haverá telefonemas ou envio de e-mails. O open banking funciona em plataforma API (sigla em inglês para protocolo de interface entre aplicativos), que permite esse contato entre apps.
A segurança
O ecossistema do open banking foi feito com alto nível de segurança, conforme a Febraban. O sistema já estreou dentro das regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Até por autoproteção, a indústria bancária no Brasil é reconhecida por reunir alguns dos maiores especialistas na área de segurança cibernética.
E o open finance?
Como anunciado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nas próximas fases o open banking passará a ser open finance, com novas possibilidades e aplicações. Se não houver novos adiamentos - já foram necessários dois - a possibilidade de escolher onde fazer aplicações deve estar disponível em maio de 2022.