Anúncios sucessivos de fechamento de salas de cinema em Porto Alegre espalharam temores sobre o estado de saúde do negócio e preocupações de frequentadores sobre se terão ou não para onde voltar quando se sentirem prontos.
Cinéfila, a coluna perguntou a Ricardo Difini Leite, sócio-diretor do GNC e presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras (Feneec), como está a situação da única rede genuinamente gaúcha da Capital.
– Temos 18 salas em Porto Alegre, bem controladas e bem administradas e nenhuma vai fechar. Vamos até festejar 30 anos e estamos otimistas com a retomada, sem planejar fechamento de nenhuma sala.
Além das salas em Porto Alegre, o GNC tem cinemas em Caxias do Sul, e em quatro cidades de Santa Catarina: Criciúma, Balneário Camboriú, Blumenau e Joinville. Difini Leite admite que o fechamento do Espaço Itaú pegou a todos de surpresa, mas assegura:
– Não é tendência de que muitas empresas tomarão a mesma iniciativa.
No país, havia 3,5 mil cinemas antes da pandemia, dos quais 3,05 mil reabriram, detalha. Fecharam cerca de 15% das salas, percentual que Difini Leite considera "elevado". Mas como o segmento ficou mais de um ano fechado, relata, a combinação de financiamento público e programa de suspensão dos contratos de trabalho foi fundamental para a sobrevivência dos que fizeram a travessia.
O fundo setorial do audiovisual, intermediado por BNDES e BRDE, de R$ 400 milhões no país, foi fundamental para manter o negócio até essa retomada, disse o empresário. Tem carência de dois anos e prazo de seis anos para pagar. O juro é de 4% ao ano, podendo ser reduzido para 0,5% ao ano se conseguir recuperar o número de funcionários. A coluna se surpreendeu com as condições, melhores até do que as do Pronampe original.
– É de pai para filho, mesmo, mas não é doação, tem de devolver – comenta.
O que está preocupando os cinemas de Porto Alegre neste momento, acrescentou Difini Leite, é a ausência do segmento na lista de 17 segmentos ligados a cultura, entretenimento e lazer que terão desconto no imposto municipal, o ISS, de 5% para 2%.
– Tem teatro, parque de diversões, circo, balé, mas não tem cinema. Depois de mais de um ano fechadas, as salas precisam ter essa mesma atenção que a prefeitura está dando aos demais. Não se foi esquecimento, mas até agora não tivemos retorno da prefeitura.
Adendo para cinéfilos: Difini Leite disse que há uma dificuldade momentânea para "abastecer" a programação de salas com títulos mais focados nesse público, mas isso deve começar a se normalizar a partir de novembro.