Já foi "ruído", escalou para "risco" e agora o mercado financeiro passou a ver "crise política" em Brasília, mesmo que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenha reiterado não ver motivo para impeachment.
É resultado do acúmulo de acusações de irregularidades na compra de vacinas, da rejeição à tributação de dividendos proposta pelo Ministério da Economia e até da denúncia de que, quando era deputado federal, Jair Bolsonaro praticava crime de peculato ao manter esquema de "rachadinha".
Um dos principais sintomas da subida de temperatura da "crise política" foi o salto de 2,39% no dólar em um só dia nesta terça-feira (6). A moeda americana havia caído abaixo do patamar psicológico de R$ 5, mas ficou lá menos de sete dias. No fechamento, a cotação ficou em R$ 5,209, bem perto da máxima do dia, de R$ 5,213. Com o pulo, o alívio no câmbio sumiu: agora, há alta acumulada de 0,41% neste ano.
O dólar se fortaleceu ante várias outras moedas, mesmo com sinais menos positivos na economia dos Estados Unidos, mas como de hábito o real foi uma das que mais perdeu na relação. Sidnei Nehme, da NGO Corretora de Câmbio, avalia que "o risco brasileiro está sendo aquecido dia a dia", inclusive porque o mercado começa a projetar, na sucessão presidencial, "fatos novos nebulosos" relacionados a Bolsonaro e um candidato que "intranquiliza" — referência a Luiz Inácio Lula da Silva.
Outro sinal das inquietações de investidores e especuladores foi a queda de 1,44% do Ibovespa, puxada pelo tombo de 3,7% da Petrobras. Na véspera, a estatal havia comunicado reajuste de 6,3% no preço da gasolina, enquanto o mercado apontava defasagem de 20% na paridade internacional de preços. Enquanto a classe média lamenta a nova alta, no universo financeiro o que prevaleceu foi a "falta" de 14%. Sem acordo na Opep, o petróleo continua subindo e se aproxima de US$ 80.