Demorou, mas nesta terça-feira (22), o dólar enfim fechou abaixo de R$ 5, o que não ocorria desde 10 de junho de 2020, há mais de um ano.
Com baixa de 1,13%, a moeda encerrou o dia em R$ 4,966. É uma mudança simbólica, mas ocorre no dia em que o Banco Central (BC) explicitou, em ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que a taxa de juro no Brasil vai subir acima do esperado.
Como a coluna já havia observado, as três altas sucessivas na taxa Selic – que a levaram de 2% para 4,25% ao ano – estão na origem da reação no câmbio. Com essa mudança, os recursos que entram no mercado de capitais nacional podem voltar a contar com algum ganho "automático" representado pelo juro básico mais alto. Também contribui para esse efeito a perda de valor geral do dólar frente a outras moedas.
Na ata da reunião do Copom da semana passada divulgada nesta terça-feira (22), o que mais chamou atenção do mercado foi a expressão "normalização da taxa de juro para o patamar neutro". Isso significa que a Selic deixa de ser "estimulativa", como foi durante a pandemia. O Copom avaliou que "os riscos para a recuperação econômica reduziram-se significativamente". Esse "patamar neutro" é traduzido pela maioria dos analistas para uma taxa de 6,5% ao ano no final de 2021.
O recuo do dólar para um patamar abaixo de R$ 5 também representa "alívio psicológico" para o ministro da Economia, Paulo Guedes. Sua declaração de que o dólar passaria desse nível se fosse feita "muito besteira" foi muito citada ao longo desses mais de 12 meses.