Durou sete dias úteis o alívio com a baixa do dólar para o patamar inferior a R$ 5. Nesta quinta-feira (1º), a cotação fechou em R$ 5,045, com analistas apontando "risco político".
Mesmo em um dia em que a sessão da CPI da Covid mais confundiu do que esclareceu, veio da investigação sobre compra de vacinas boa parte da justificativa para o mau humor no mercado financeiro. A bolsa também voltou a cair 0,9%, para 125.666 pontos.
A virada no humor do mercado havia começado na sexta-feira passada (25), com o aumento de carga tributária sobre empresas e negócios no mercado de capitais resultante da proposta de mudanças no Imposto de Renda feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Mas a coluna nunca havia ouvido e lido, nos relatórios de fechamento, tantas referências à CPI da Covid como nesta quinta-feira (1º). Até a especulação de que a bateção de cabeça provocado pelo autor de uma denúncia de cobrança de propina pode ter sido causada por uma "testemunha plantada" foi lido como sinal de preocupação do governo Bolsonaro com o avanço das investigações.
Depois de uma fase em que o mercado financeiro no Brasil oscilava com notícias sobre a inflação... nos Estados Unidos, agora investidores e especuladores parecem sensíveis aos fatos nacionais. Os assuntos nas mesas de operação passaram pela acusação de prevaricação contra o presidente Jair Bolsonaro e até pelo superpedido de impeachment feito na véspera.
Ou seja, se a queda do dólar abaixo de R$ 5 ocorreu por razões técnicas — o recuo da moeda americana ante várias denominações e a alta da Selic no Brasil —, a retomada desse patamar psicológico é atribuída basicamente a questões políticas. É o "ruído", como os analistas costumam chamar os problemas do governo Bolsonaro.