O Banrisul autorizou uma operação envolvendo a área de cartões, mas segundo o presidente da instituição, Claudio Coutinho, não se trata de mais uma privatização.
Em fato relevante publicado nesta quarta-feira (14), depois do fechamento do mercado, comunicou que decidiu iniciar um "processo visando a implementação de uma operação estratégica tendo por objeto o segmento de negócio de meios de pagamento e cartões, consolidado na sua controlada Banrisul Cartões S/A".
– O que estamos buscando é uma capitalização. A ideia é trazer investidor para a empresa, para que possa crescer – disse à coluna o presidente do Banrisul, Claudio Coutinho.
A intenção, segundo Coutinho, não é obter recursos para o controlador, no caso o governo do Estado, nem para o próprio banco, mas reforçar a atuação da empresa. Com as movimentações do chamado "mercado de adquirência" – com movimentações da Cielo, Stone e Elo, entre outras companhias. Coutinho garante que o objetivo, nesse caso, é obter um sócio estratégico que permita à Banrisul Cartões crescer. Disse que mesmo que haja um novo sócio, não deve ter mais do que 50% do capital.
O formato da operação não está definido. O banco J. P. Morgan S.A. foi contratado pelo Banrisul para avaliar "alienação de ações de emissão da Banrisul Cartões, inclusive representativas do seu controle acionário", o que poderá ser feito "por meio de aumento de capital a ser subscrito por terceiros, alienação primária de ações de emissão do Banrisul Cartões, operações de fusão, cisão, incorporação, incorporação de ações, combinação de negócios, joint ventures, alienação de ativos, acordos comerciais".
A coluna observou que o mandato está muito aberto, mas Coutinho ponderou que qualquer movimentação do JP Morgan terá de ser aprovada pelo conselho, ou seja, manterá o espírito do "reforço do negócio. O objetivo é perseguir uma formatação semelhante à da Rio Grande Seguros, em que o Banrisul tem 49,9% da empresa, e o banco Icatu tem outros 50,1%.
Há quase um ano, quando o JP Morgan já havia sido contratado para prestar "assessoria econômica" para a área de cartões, a coluna havia perguntado a Coutinho, se havia possiblidade de retomar a operação, e o executivo respondeu "por enquanto, trabalhamos para que seja rentável.
Em 2018, o governo Sartori havia tentado abrir o capital da Banrisul Cartões, mas a operação foi abortada, porque o preço poderia ficar abaixo do aceitável. Como estava relacionada a uma transferência de recursos para o controlador, ou seja, o governo do Estado, o episódio provocou críticas do então governador eleito, Eduardo Leite.
Veja a íntegra da nota
BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S.A. ("Banrisul"), em cumprimento ao disposto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada, e na regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários ("CVM"), em especial a Instrução CVM nº 358, de 3 de janeiro de 2002, vem a público informar que, em reunião realizada nesta data, o seu Conselho de Administração aprovou a Proposta da Diretoria do Banrisul, conforme aprovado na reunião realizada em 13 de julho de 2021, para que seja iniciado o processo visando a implementação de uma operação estratégica tendo por objeto o segmento de negócio de meios de pagamento e cartões, consolidado na sua controlada Banrisul Cartões S.A. (“Banrisul Cartões”), que conforme recomendação do Banco J. P. Morgan S.A. – assessor financeiro contratado pelo Banrisul para esse fim –, poderá envolver a alienação de ações de emissão da Banrisul Cartões, inclusive representativas do seu controle acionário, e poderá ser realizada por meio de aumento de capital a ser subscrito por terceiros, alienação primária de ações de emissão do Banrisul Cartões, operações de fusão, cisão, incorporação, incorporação de ações, combinação de negócios, joint ventures, alienação de ativos, acordos comerciais, em uma única operação ou em uma série de operações e outras estruturas jurídicas e financeiras a serem estabelecidas pelo Conselho de Administração oportunamente (“Operação”).
O Conselho de Administração autorizou o Banco J. P. Morgan S.A. a tomar todas as medidas e providências que se fizerem necessárias para a identificação de potenciais investidores e/ou parceiros estratégicos que possam vir a ser convidados para participar do processo de seleção organizado para a eventual implementação da Operação.
A efetiva execução da Operação está sujeita à posterior definição, pelo Conselho de Administração do Banrisul, da estrutura financeira e jurídica final e do potencial investidor e/ou parceiro estratégico selecionado, assim como à obtenção das aprovações legais e regulatórias aplicáveis, incluindo o Banco Central do Brasil e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE.
O Banrisul manterá os seus acionistas e o mercado devidamente informados sobre quaisquer novos fatos atinentes ao assunto em questão.