É com número crescente de casos em diversas regiões do Rio Grande do Sul e nas vizinhanças do Estado que a prefeitura de Porto Alegre propõe um teste radical: liberação ampla das atividades na Capital.
Com pouco mais de 20% da população vacinada, e sem perspectivas reais e imediatas de acelerar a imunização de forma eficaz e rápida, é um convite ao abre-e-fecha que exasperou empreendedores e cidadãos em 2020.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o prefeito Sebastião Melo nem tentou negar o risco das novas regras. Confrontado com os possíveis resultados, ofereceu uma saída "simples": se não der certo, a liberação será revista. Quantos serão contagiados nesse processo? Qual o risco de surgir uma nova cepa? Qual será o custo do teste para a sociedade?
Especialistas atribuem às aglomerações ilegais e legais — surgidas com o abre-e-fecha (naturalmente, mais na parte "abre") — o surgimento das cepas que transformaram a segunda onda de covid-19 no Brasil em tsunami. Os 55,1 milhão de brasileiros já vacinados ao menos com uma dose, conforme o site Our World in Data, o mais respeitado nesse tipo de estatística, coloca o país em quarto lugar em números absolutos.
Do ponto de vista de proteção contra a covid-19, o que importa é o percentual da população imunizada. Nesse ranking, a posição do Brasil fica abaixo da 50ª, com 25,9%. Invejado, Israel tem 121,8% (o que extrapola os 100% é segunda dose), Estados Unidos chegaram a 82,9%, os países da Europa oscilam de 45% a 50%. Aqui, temos filas de porto-alegrenses acima de 60 anos aflitos e aglomerados porque a segunda dose da CoronaVac atrasou.
Para salvar vidas e preservar a economia, o momento exige cautela e precaução, não movimentos grandiloquentes e testes de alto risco. Não é difícil de compreender. Só não entende quem não quer. Ou quando é conveniente perceber a dinâmica da pandemia.