As baixas temperaturas previstas para este inverno fazem consumidores sonhar com produtos que aquecem, como o fogão a lenha. Ao pesquisar, porém, a constatação é de que preço dos produtos do segmento também esquentou.
Pressionadas pela escassez de matéria-prima e aumento do preço do aço, algumas empresas do segmento registram aumento de 30% no valor. O preço de fogões mais elaborados pode chegar a R$ 7,9 mil.
Na Venax Eletrodomésticos, de Venâncio Aires, o gerente de vendas da marca, Jonas Weis da Silva, afirma que houve impacto do cenário do setor:
— O fogão a lenha é um produto que já vinha em ritmo de aumento e, nos últimos meses, foi bastante impactado pela escassez de matéria-prima e pelo preço do aço. Com isso, o acréscimo ficou em torno de 30%, dependendo da linha. Além disso, o produto tem se diversificado nos últimos anos, com uso de novos componentes, como chapas de vidro, que também encarecem.
Com um portfólio de 890 produtos, a empresa atende a lojistas e ao consumidor final. Jonas detalha que, entre os fogões mais básicos, vendidos no e-commerce da marca a partir de R$ 1,1 mil, o aumento foi de 29%, entre janeiro a maio.
Na avaliação do gerente, as fabricantes de fogões a lenha
estão "comandando um avião às escuras" diante da falta
de previsibilidade no setor:
— Em geral, não conseguimos mais nos programar em relação aos valores cobrados pelos insumos. Aos lojistas, orientamos que não vendam um produto sem tê-lo em estoque, pois pode haver reajuste no meio do caminho (entre a fábrica e a loja). É uma cadeia, vamos reajustar dependendo do que for repassado para a empresa. Antes, verificávamos a tabela de preço em média a cada três meses, em média. Agora, conferimos de 15 em 15 dias.
O impacto também é registrado na fábrica Fogões Litoral, em Terra de Areia. O sócio-proprietário da empresa, Leandro Camargo Pereira, também aponta o ferro fundido como "vilão" do setor:
— Na nossa empresa, o preço dos fogões foi bastante afetado por causa do ferro fundido. Agora está mais difícil conseguir o insumo e houve aumento de preço. Desde o início do ano, absorvemos três reajustes. Além disso, as fábricas que entregam prazo razoável estão cobrando mais caro. E as que trabalham com melhores preços levam até 90 dias para entregar a mercadoria.
Segundo Pereira, o reajuste de preço na empresa gira em torno de R$ 400, dependendo do modelo do fogão. Apesar da alta de preços, a demanda pelo produto cresceu, em relação aos primeiros meses do ano. De acordo com dados do Google Trends, o termo "fogão a lenha" tornou-se popular no buscador no último mês. No Estado, a busca pelas palavras atingiu 100 pontos, o que representa o pico de popularidade do buscador.
* Colaborou Camila Silva