Em meio às adversidades impostas ao setor, como a alta de preço e escassez de matéria-prima, a Metalli Aços Especiais, de Caxias do Sul, aumentou o faturamento em 70% nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar do bom desempenho, o diretor da empresa, Francis Borelli dos Santos, afirma que a indústria foi — e ainda é — bastante afetada pelo cenário:
— O aumento do preço do aço tem grande impacto. Como distribuidores, somos os primeiros do segmento a receber os aumentos da usina e não temos como repassar o valor de forma integral a nossos clientes. Além de corroer a margem, gera desconforto com o cliente, pois os preços são renegociados com muito mais frequência.
Segundo o diretor, o crescimento está relacionado com a demanda reprimida do primeiro ano de pandemia no país:
— Ainda que o momento favoreça em partes essa retomada, é possível observar que muitos projetos foram postergados por conta do cenário de dificuldades. Agora, estão sendo retomados. O momento aponta a necessidade do mercado e das pessoas. As empresas estão tentando aproveitar isso, acreditam na recuperação econômica e, por isso, vêm se preparando para atender essa retomada.
O Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) projeta que, entre junho e julho, siderúrgicas nacionais façam novo reajuste, que pode variar entre 5% e 10%. Entre janeiro e maio deste ano, os valores já foram reajustados entre 50% e 52%. Santos afirma que a empresa recebeu a informação de um novo reajuste com "muita preocupação":
— O mercado não consegue mais absorver um novo reajuste Além de um impacto no aumento dos preços dos produtos finais, também deverá haver redução na demanda no médio prazo.
Em relação as negociações com as usinas, Santos afirma que "praticamente não há". A empresa opta por não repassar o aumento de forma integral aos clientes e, quando repassa, busca não fazer de forma imediata. A Metalli também foi afetada pela escassez de matéria-prima no setor.
— Fomos impactados principalmente nos últimos meses. Registramos maior dificuldade com o abastamento das usinas nacionais — relata.
Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IABr), o cenário interno aponta para um aumento nas importações. Frente ao ano passado, as importações cresceram 42,3% neste ano, com 324 mil toneladas de insumos comprados pelas indústrias nacionais:
— Importamos aço da Europa desde 2009. Nos últimos meses, mantivemos as importações dos nossos fornecedores tradicionais para nossa linha de aços especiais e procuramos buscar novos fornecedores em substituição aos produtos nacionais. Infelizmente, a demanda por aço está aquecida no mundo inteiro e não foi viável ampliar a importação.
A empresa da Serra atende matrizarias, ferramentarias e a indústria do plástico. Além do Estado, a empresa fornece insumos para São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Desde 2010, a empresa é parceira da usina alemã Schmiedewerke Gröditz no Brasil.
* Colaborou Camila Silva