Desde o final de semana recheado de ameaças a "tubarões" do presidente Jair Bolsonaro, o mercado especula quem será o novo presidente do Banco do Brasil.
André Brandão, que anunciou fechamento de agências e corte de funcionários em meados de janeiro, sinalizou na semana que passada que pretende deixar o cargo. A lista já incluiu até executivos de bancos privados e o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa.
O problema é que o BRB foi a instituição financeira que financiou a compra da mansão de Flávio Bolsonaro em Brasília, com taxa de juro de 3,71% ao ano. Na mesma semana, a Caixa Econômica Federal lançou uma linha de crédito imobiliária com juros considerados baixos entre 4,75% e 5,39%. Além disso, a renda mínima para contrair um empréstimo de R$ 3,1 milhões, a parcela financiada da mansão, é de R$ 46,8 mil. A renda declarada no contrato foi de R$ 36.957,68. Ou seja, para dizer o mínimo, há grande suspeita de tratamento diferenciado ao filho do presidente.
Até a revelação da compra da mansão e das condições de financiamento, Costa era um dos um dos favoritos para a sucessão no BB. Sua indicação vinha do governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB), aliado de Bolsonaro. O BRB é um banco público controlado pelo governo do DF. Caso fosse indicado pelo presidente para o BB, a operação toda pareceria ainda mais suspeita.
Assim, depois de a bolsa das apostas retirar Costa do jogo, enveredar por nomes com passagem por bancos privados (Márcio Schettini, ex-diretor geral de varejo do Itaú), o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, indicaram o atual presidente da Caixa Seguridade, Eduardo Dacache, para presidir o BB. Nesta sexta-feira (5), o conselho de administração do BB fez um apelo pela manutenção de Brandão. Ainda falta o presidente bater o martelo, mas a definição deve ocorrer em breve.