No ano em que o mundo conheceu a pandemia, a Lojas Lebes teve resultado geral de vendas 15% menor do que em 2019, isso considerando todos os formatos, físico, e-commerce e por WhatsApp.
– Não nos saímos tão mal assim, temos pessoas de sangue verde – avalia Otelmo Drebes, presidente da empresa de varejo, referindo-se à cor da empresa e lembrando que 2020 foi tão atípico, com quase oito meses de pontos de venda fechados ou com restrições, que não pode servir de base para as projeções para este ano.
Por identificar oportunidades, a rede prepara a abertura de 30 a 40 lojas até o final de 2021, no modelo que começou a ensaiar na crise: unidades menores, de 100 a 150 metros quadrados, chamadas Lebes Express.
– Há momentos para esquecer 2020. No nosso planejamento, nos baseamos em 2019 para projetar 2021. Mas também aprendemos muito no ano passado, lições que não podemos deixar para trás. Aprendi muito em melhora de processo e de produtividade, controle de despesa. Tem muitas coisas que deixamos de fazer e não vamos retomar – afirma.
O foco do novo formato de lojas são cidades até 10 mil habitantes, explica Drebes. O objetivo, detalha, é criar opções. Já existem seis unidades Express, operando em uma espécie de testes do modelo, mas a implantação mais estruturada vai ocorrer neste ano:
– Vamos ter dois tipos de loja, a completa, com todos os produtos, móveis, eletro, bazar, moda, e estamos introduzindo esse novo modelo, com unidades menores, com custo menor, em cidades menores e mais digitais. Até agora, parece ser um modelo bom.
No planejamento da empresa para 2021, o cenário macroeconômico preocupa:
– Está andando de lado, as reformas não avançam.
Mas no micro, pondera, vê oportunidade para ficar uma fatia maior da pizza, ou seja, ampliar a participação no mercado.
– Se a questão macro ajudar, ótimo. Se não, vamos trabalhar porque vejo empresas com muitas dificuldades, vamos aproveitar espaço que tem.
Afinal, apesar da pequena queda – dadas as circunstâncias –, a Lebes manteve o faturamento da casa de R$ 1 bilhão. Drebes destaca que, em 2020, a rede foi a melhor empresa para trabalhar no varejo no Estado pelo terceiro ano consecutivo, mesmo com lojas fechadas e problemas para vender. Também conta que fez, em 1º de julho, comandou a "virada" para adoção do sistema de automação SAP. Esse processo é conhecido ser uma espécie de revolução na rotina das empresas, quase como uma troca do sistema de circulação do corpo humano.
– Antes da pandemia, quando nos preparávamos, comparei a mudança a um transplante cardíaco. Como acabamos fazendo durante a pandemia, no meio do furacão, disse que teríamos de fazer a mudança de coração correndo no meio da tempestade – compara.
A Lebes acabou recebendo premiações pela implantação e virando um caso nacional que a SAP usa para convencer outros clientes de que é possível fazer toda a virada por via remota, como ocorreu na rede gaúcha. Na avaliação de Drebes, o ritmo de imunização contra a covid-19 está "menor que a gente gostaria", mas pondera:
– A vacina faz com que surja um espírito bom, uma esperança. Vai levar um bom tempo, mas vai ser imunizado. Isso faz ver o futuro de forma mais positiva, a vida mais perto.