Somadas as necessidades para permitir que o edital de privatização que será publicado nesta terça-feira (8) tenha preço mínimo simbólico de R$ 50 mil, a CEEE-D terá de receber capitalização de R$ 3,36 bilhões.
Desse total, R$ 2,77 bilhões virão do "perdão" parcial na dívida de ICMS da empresa, outros R$ 313 milhões correspondentes à transferência do pagamento de antigos funcionários, os chamados ex-autárquicos, para o governo do Estado e ainda R$ 270 milhões em créditos da CEEE-Par, controladora direta da companhia, com a estatal que será privatizada.
Nesta segunda-feira (7), foi cumprida uma nova etapa do cronograma de venda da empresa, que foi o início do road show. Uma teleconferência de cerca de duas horas marcou o início da etapa em que interessados na compra da empresa podem conhecer em viva-voz detalhes dos dados da companhia, que já estão abertos desde setembro.
Um dos efeitos do tamanho dessa capitalização será a concentração ainda maior do controle nas mãos do governo do Estado. Atualmente, a CEEE-Par tem 65,9% das ações da CEEE-D, e outra fatia relevante de 32,6% pertence à Eletrobras. Com a capitalização, a participação da Eletrobras deverá encolher, e a CEEE-Par ficará com 95,1% das ações, conforme Ricardo Justo, representante do Banco Plural no consórcio Minuano Energia, contratado pelo BNDES para elaborar a modelagem da venda.
– Temos razões econômicas para acreditar que os demais acionistas não vão exercer o direito de acompanhar o aumento de capital, então essa participação será diluída e a venda vai atingir quase a totalidade das ações. Menos de 5% ficarão em mãos de minoritários.
Pela apresentação, a avaliação da CEEE-D ficou em R$ 3,6 bilhões. Feito tanto pelo consórcio Minuano Energia quanto pela EY (ex-Ernst & Young), espécie de "revisora" da avaliação econômico-financeira, essa definição de valor teve diferença de apenas R$ 8 milhões. Também foram detalhados os grandes passivos da estatal gaúcha, como a dívida total de ICMS projetada até a data de liquidação em R$ 4,4 bilhões, o financiamento em dólares com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) de R$ 1 bilhão, pendências previdenciárias de R$ 1 bilhão e o relacionado aos ex-autárquicos, de R$ 465 milhões.
Os passivos da CEEE-D somam R$ 7 bilhões
ICMS R$ 4,4 bilhões (até abril de 2021)
BID/AFD R$ 1,028 bilhão
Previdência R$ 1,076 bilhão
Ex-autárquicos R$ 465 milhões