Em setembro, a Melnick abriu capital da bolsa de valores e arrecadou R$ 713,8 milhões com a venda de cerca 35% do total de seus papéis. Com isso, a empresa ganhou um caixa recheado para os próximos anos.
Na época, havia restrições para detalhar os planos, porque a empresa já tem de seguir as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Agora, o CEO da empresa, Juliano Melnick, e o CEO da Even, Leandro Melnick, detalharam os planos à empresa.
– A primeira definição é óbvia, vamos crescer. A ideia de capitalizar a empresa era exatamente sustentar essa expansão – diz Juliano.
Os dois CEOs são filhos de Milton Melnick, que fundou a empresa em dezembro de 1970. O aniversário de 50 anos, na quarta-feira (23), vai ocorrer em meio aos planos de expansão. Em 2008, era uma pequena construtora familiar, quando ganhou participação da paulista Even, passando a se chamar Melnick Even. Em 2015, com vários sócios gaúchos, Leandro assumiu o controle da Even e se tornou CEO. A partir da oferta de ações feita neste ano, a incorporadora que atua em Porto Alegre voltou a se chamar apenas Melnick. Agora, ambos são CEOs: Leandro, da Even, e Juliano, da Melnick.
Um dos planos, detalha Juliano, envolve uma mudança no modelo de negócios. A Melnick é conhecida por adquirir muitas áreas, o que costuma fazer por meio de permuta, ou seja, troca o terreno por uma parte da área construída. Foi assim que abocanhou uma dos mais cobiçadas localizações da cidade, a esquina da Avenida Ipiranga com a Avenida Silva Só, onde ficava o Ginásio da Brigada.
– Com as permutas, em um lançamento de cem unidades, por exemplo, nosso resultado era de 80. Agora, passaremos a comprar mais terrenos com dinheiro, vamos ser mais agressivos, para ficar com 100% do resultado.
O tamanho da expansão pode ser avaliado nas projeções feitas por Leandro. Em 2019, a Melnick ficou com cerca de 42% dos lançamentos imobiliários de Porto Alegre, relata, conforme dados da Brain, consultoria especializada no segmento.
– Conforme nossos estudos, em 2023 o mercado da Grande Porto Alegre deve voltar a operar no mesmo volume de antes de 2014, com cerca de R$ 4,5 bilhões ao ano. Nesses últimos seis ou sete anos, a crise derrubou essa cifra para cerca de R$ 2,5 bilhões – afirma Leandro.
O empresário avalia que a fatia atual se deve a circunstâncias de mercado, e estima que a participação consolidada fique em torno de 25% desse total projetado para 2023. A coluna fez as contas: isso significa que a empresa conta com lançamentos ao redor de R$ 1,13 bilhão ao ano a partir de 2023. Esse crescimento, explica Leandro, vai ocorrer por meio de maior ritmo nos atuais segmentos em que atua, mas também com mais atenção para outras duas áreas: a de urbanização e a de projetos de Minha Casa Minha Vida (MCMV, que ainda não virou oficialmente Casa Verde e Amarela).
– Como o mercado vai crescer, queremos continuar nos expandindo. A ampliação dentro da Grande Porto Alegre é nosso principal vetor de ampliação, e nosso caixa sustenta outros desenvolvimentos. Vamos aumentar nossa fatia nas áreas em que operam a urbanizadora e a Open, que atua em MCMV.
Também haverá expansão geográfica, embora Leandro afirme que não será "prioritária": a Melnick pretende entrar nos mercados do interior do Estado, de Santa Catarina e do Paraná. A empresa também comanda as obras do Pontal, na orla do Guaíba (foto) que avançam na velocidade prevista para conclusão no primeiro semestre de 2022.