Os bancos tentaram negociar com o Banco Central (BC) o cronograma do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos, que começou a cadastrar clientes. Uma das preocupações era evitar o que acabou ocorrendo na segunda-feira (5): excesso de acessos, com a consequente instabilidade dos aplicativos.
Para complicar, o BC escolheu a data em que a maioria das empresas faz o pagamento a seus funcionários, o que torna o dia 5 uma data nacional de pagamento de contas. Essa coincidência não se repetirá, porque a próxima etapa do Pix está marcada para 3 de novembro, e será limitada a um pequeno público que vai testar o sistema antes da estreia oficial, no dia 16 do próximo mês.
Uma das causas da instabilidade da última segunda-feira, portanto, não se repetirá. Outro motivo da concentração também deve ter desaparecido: os bancos abriram pré-cadastro semanas antes da data oficial e tinham pressa em fazer o registro para não perder os clientes.
Como um dos objetivos do BC é reduzir a concentração do mercado bancário, ao incentivar os correntistas a cadastrar as chamadas "chaves" – CPF, número de celular ou e-mail – os bancos mantém seus clientes. Por isso, na segunda-feira, correram para registrar todos os que estavam acumulados em seus bancos de dados.
Para lembrar, segundo dados dos BC, 83,7% dos empréstimos concedidos em 2019 foram contratados nos cinco maiores bancos – Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal. Conforme fontes do mercado financeiro, apesar das pressão dos bancos, o BC tem sido "implacável" com as exigências de prazo de adesão.
Um dos comentários que a coluna ouviu é de que o BC está em uma "cruzada para abrir o mercado, querendo aumentar a competição no mercado financeiro, e talvez esteja negligenciando aspectos de segurança". Apesar dessa preocupação, não há expectativa de que ocorram novas ondas que abalem o funcionamento dos aplicativos, o que afeta inclusive os que não são usuários do Pix. A perspectiva é de que cresça ao longo dos próximos meses.
O que é preciso para entrar no Pix
1. Para usar o sistema, é conveniente ter uma identidade, a "chave de endereçamento", que pode ser CPF ou CNPJ, e-mail ou número de celular. Também existe a possibilidade de gerar um código aleatório, que o BC chama de Endereço Virtual de Pagamento (EVP), sem precisar informar dados pessoais ao pagador.
2. Para pagar, será preciso informar a chave de quem vai receber ou ainda preencher os dados a cada operação. Também é possível abrir um link enviado pela pessoa ou empresa que será paga ou ler um QR Code com o celular.
3. Para receber, basta informar a identidade ao pagador, ou preencher dados, ou gerar um link no app ou ainda criar e enviar um QR Code.