Que o impacto foi forte, todos sabemos, mas pesquisas mostram detalhes do peso da pandemia no bolso dos gaúchos. Segundo dados do Instituto de Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS), 47% das famílias tiveram a vida financeira afetada durante a pandemia (veja gráfico abaixo). Deste total, 33% disseram que foram "muito afetados".
No grupo formado por autônomos, informais e empreendedores, a situação é ainda mais grave: 79% afirmaram ter enfrentado redução na renda. Cerca de um terço teve diminuição entre 31% e 50%, e 26% encararam queda entre 51% e 70% no orçamento.
Na avaliação do presidente do Iepro-RS, Romário Pazutti Mezzari, os impactos, que já foram elevados, poderiam ser ainda piores sem o auxílio emergencial. A medida trouxe algum alívio "para os que ficaram sem orçamento e um ânimo para a economia"
Cerca de 40% das famílias tiveram ao menos um integrante que perdeu o emprego durante o período da pandemia. Conforme o levantamento, 16% dos entrevistados foram demitidos desde o início da pandemia.
Entre os trabalhadores formais que mantiveram seus empregos, 40% tiveram redução no salário. Parte desde grupo, registrou perda entre 11% e 30% na remuneração. Desses, 27% tiveram redução na jornada de trabalho, e outros 12% tiveram o contrato suspenso.
O impacto nas finanças fez com que 42% dos entrevistados deixaram de pagar alguma conta durante a pandemia. Por outro lado, 94% afirmaram que pagariam suas contas se recebessem um desconto do credor ou fosse oferecido algum tipo de renegociação. Por isso, Mezzari aconselha que é momento de renegociar com os credores:
– É importante também que as pessoas tentem priorizar o pagamento de contas que tem juros mais elevados, como é o caso do cartão de crédito.
Entre os entrevistados, o cartão de crédito foi a principal dívida não paga (21%), seguido por carnê de lojas (18%) e água e luz (14%). Cerca de 33% das contas não pagas durante a pandemia têm valores acumulados entre
R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil.
Foram entrevistadas, entre 4 e 24 de agosto, 748 pessoas de ambos os sexos, acima de 18 anos. O estudo foi realizado de maneira presencial, respeitando as medidas de distanciamento social recomendadas pelos órgãos públicos.