Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Material de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro, "o pior já passou" para o setor. A declaração
à coluna foi dada no mesmo dia que a Abramat anunciou os resultados do mês de julho:
em comparação com o mês anterior, as vendas cresceram 8,3%.
Segundo Navarro, um dos fatores determinantes para o desempenho não ter sido tão prejudicado é o fato de as ferragens e lojas de material de construção terem funcionado normalmente ao longo da pandemia, por serem consideradas serviços essenciais:
– Antes da pandemia, o varejo já vinha sustentando o crescimento do setor. Agora, com as pessoas ficando mais em casa, surge a necessidade de realizar pequenos reparos ou até mesmo obras maiores. Com o varejo aberto, pudemos suprir essas necessidades.
Nesta semana, a coluna publicou uma nota sobre o impacto do auxílio emergencial na venda no varejo. Na gigante Gerdau, as vendas de prego subiram 38% de abril a junho, em comparação com o primeiro trimestre, e o atingiram recorde. Segundo o CEO da empresa, Gustavo Werneck, foi resultado de vendas no pequeno varejo relacionadas ao uso do auxílio emergencial. Navarro afirma que, de fato, o auxílio emergencial é um dos fatores que impulsionaram as vendas do setor. Para ele, a medida funcionou muito bem no período de "alta crise".
Confira mais trechos da entrevista
Medidas como a do auxílio emergencial favoreceram as vendas do setor?
É um recurso extra ou substitui aquele que a pessoa tinha e perdeu. Se não estivessem em casa, as pessoas poderiam comprar roupas ou algo do tipo, mas por passar mais tempo nas suas residências optam por realizar pequenos reparos.
O momento mais delicado para o setor já passou?
Sim, o pior já passou. A gente precisa construir a retomada, para um setor que já estava enfrentando retomadas nos últimos anos. Fechamos 2019 com crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior. Também estávamos projetando crescimento para este ano, mas veio a pandemia e afetou a todos. Porém, essa estimativa de que " o pior já passou" se reflete nas pesquisas internas que realizamos com associados. O nosso Termômetro (nome do levantamento), 23% dos entrevistados acreditam que as vendas em agosto serão 'muito boas'. Para 40%, serão boas e apenas 5% consideram que as vendas serão ruins. Outro indicador fundamental é o uso da capacidade instalada no setor. Antes da pandemia, girava em torno de 70%. Em maio, caiu para 53%. Agora, voltou para o patamar pré-pandemia, em 73%.
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