O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
O governo federal enxerga uma queda robusta da economia em 2020, mas em nível inferior ao projetado pela maioria dos analistas. Nesta quarta-feira (15), o Ministério da Economia manteve a previsão de baixa de 4,7% para o PIB, golpeado pelo coronavírus. A título de comparação, o mercado financeiro estima tombo de 6,1%, indica o relatório Focus, do Banco Central (BC). Apesar das diferenças, a mensagem trazida pelos números é a mesma, diz o economista Fábio Astrauskas, CEO da Siegen Consultoria:
— Tanto o mercado quanto o governo concordam que a queda será expressiva. Ninguém tem agora todas as ferramentas para fazer uma projeção mais acurada. É normal que a estimativa do governo seja menos pessimista do que a do mercado.
A elevada carga de incertezas sobre a economia dificulta a análise dos próximos meses. Neste momento, não é possível garantir como será o comportamento da pandemia, nem seus impactos na economia. Para 2021, o governo federal estima avanço de 3,2%. Analistas do mercado financeiro esperam elevação de 3,5% no próximo ano.
— As projeções mostram que a queda em 2020 não será totalmente recuperada no ano que vem. Há consenso de que existe depressão na oferta e na demanda — pontua Astrauskas, também professor do Insper.
Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgada nesta quarta-feira ilustra o quadro vivido pela economia. Em maio, o monitor do PIB-FGV sinalizou alta de 0,7% na atividade, na comparação com abril. O dado traz algum alívio, mas ainda embute uma série de preocupações. Frente a maio de 2019, houve tombo de 13,3%. Já no trimestre encerrado no quinto mês do ano, a queda foi de 9,4%, frente a igual período anterior.
"Apesar do crescimento de 0,7%, ainda é cedo para afirmar que este resultado indica uma retomada da economia, tendo em vista que falta muito para recuperar a enorme perda acumulada", afirma, em nota, o pesquisador Claudio Considera, coordenador da pesquisa.