Depois de notas duras criticando declarações de pessoas do entorno do presidente Jair Bolsonaro, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, fez questão de destacar que as exportações nacionais para seu país aumentaram 11% de janeiro a abril deste ano, comparadas ao mesmo período do ano passado. Em uma rara conversa virtual com jornalistas nesta sexta-feira (5), Wanming assegurou que a China segue interessada em investir aqui, citando especificamente a tecnologia 5G, agronegócios e "economia online". A maioria das perguntas, inclusive da coluna, foi sobre o impacto destes incidentes na parceria entre os dois países.
– Não gostaria de fazer muito comentário. Só destacar que, apesar de alguns ruídos recentes,há mais histórias comoventes de solidariedade e ajuda mútua entre os dois países, além de sinceros apelos de todos os setores da sociedade por unidade e parceria para vencer as dificuldades do momento. Ao mesmo tempo, gostaria de aconselhar os críticos contumazes da China e das relações sino-brasileiras a considerar mais os sentimentos dos dois povos e dos interesses da amizade e da parceria China-Brasil.
Segundo Wanming, é preciso tratar o assunto com foco no longo prazo. Citou um provérbio chinês segundo o qual é com olhar amplo e vista longa que se mede uma paisagem imensa.
– O comércio sino-brasileiro depende de esforços conjuntos para eliminar barreiras tangíveis e intangíveis, para criar um ambiente amigável e previsível para as empresas. Estamos desenvolvendo um estudo em conjunto com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao governo federal), para facilitar o comércio e evoluir para um acordo de livre-comércio entre China e Brasil ou mesmo com o Mercosul.
Ao ser mencionada em ocasiões anteriores, a possibilidade de um acordo de livre-comércio foi recebida com muita reserva por setores do empresariado brasileiro. O embaixador também foi indagado sobre a intervenção da China em Hong Kong e respondeu com o discurso oficial: é um tema de segurança nacional que só diz respeito à China, e a nenhum outro país. Não encerrou a conversa de duas horas antes de mencionar um dos principais interesses de seu país no Brasil: vender a tecnologia 5G da Huawei. A possibilidade vem sendo alvo de forte pressão contrária dos Estados Unidos.
– O 5G é um setor prioritário para a China e há um amplo espaço para intensificar as relações bilaterais. O Brasil, com suas dimensões continentais, tem uma demanda premente de redes de telecomunicações móveis. Há empresas chinesas dispostas a compartilhar com o Brasil essa conquista científica e tecnológica sobre a base de benefícios mútuos. Os produtos e serviços da Huawei são bem recebidos graças a sua credibilidade, qualidade e segurança. A empresas está presente no Brasil há mais de 20 anos e é reconhecida pelo governo brasileiro, pela associação da categoria e pelas operadoras.