Cercadas de ceticismo no Brasil, as negociações para um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos não só não pararam durante a pandemia como ganharam velocidade. A aceleração das tratativas foi o principal ponto de uma conversa da conselheira econômica da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Valerie Belon, e integrantes da equipe com alguns jornalistas, da qual a coluna participou.
— Vivemos uma época sem precedentes, em que as prioridades 1, 2 e 3 são o combate ao coronavírus, mas o trabalho para fazer um acordo para aumentar o comércio entre Brasil e Estados Unidos não parou. Ao contrário, está ganhando velocidade — afirmou Valerie.
Conforme a conselheira, é tempo de "desenhar reformas" e "adotar as melhores práticas". Quem acompanha as negociações detalha que o modelo desse acordo de livre- comércio é o acerto feito pelos EUA com México e Canadá, que reduz bastante o alcance da facilitação do comércio. É mais uma definição de formato do que um gigantesco conjunto de regra, como é o compromisso entre Mercosul e União Europeia.
Mesmo assim, em ano eleitoral no Estados Unidos será difícil avançar com aprovação no Congresso. Enquanto no Brasil o acordo não é sequer levado a sério o suficiente para suscitar oposição, nos EUA um grupo de congressistas democratas enviou carta ao principal responsável pelo comércio internacional no país, Bob Lighthizer.
Avisaram que não pretendem aceitar qualquer tipo de acordo com o Brasil, citando "discurso e atos reprováveis" do governo Bolsonaro, como o "total desrespeito aos direitos humanos básicos, a falta de proteção à floresta amazônica e aos direitos dos trabalhadores".