Um levantamento feito pela coluna no site Zap Imóveis permite constatar uma realidade pouco visível para a a maioria da população. Só neste buscador, há mais de uma centena de casas e apartamentos à venda com preços acima de R$ 10 milhões em Porto Alegre.
Existem, por exemplo, mansões com spa e mata nativa e apartamentos triplex com quatro suítes e elevador interno. Em um momento de tantas urgências e necessidades básicas, esse mercado de luxo também passa por transformações.
Segundo Cristiano Cruz, CEO e fundador da One Imóveis de Luxo, alguns fatores são determinantes para definir preços tão estratosféricos, como área, materiais e localização. Durante a pandemia, houve uma mudança significativa: o "fique em casa" está levando as pessoas a investir mais em imóveis com cômodos enormes e grandes áreas externas, como jardins e varandas.
— A localização segue como fator principal, mas estamos recebendo pedidos que não eram tão comuns antes da pandemia. Os clientes têm preferido imóveis próximos de áreas verdes, como praças e parques. As coberturas e os apartamentos tipo garden (com pátio privado) se tornaram uma tendência que deve permanecer na pós-pandemia.
Segundo Cruz, o fenômeno é definido no mercado imobiliário por "casas maiores, escritórios menores". Se antes, a tendência era a diminuição dos espaços privados e maior convivência em espaços compartilhados, a pandemia leva ao oposto: espaços maiores e mais confortáveis, já que as pessoas passam muito mais tempo dentro de casa.
Antes do agravamento da disseminação da doença no país, o site da One registrava cerca de 2,5 mil visitas diárias. Logo após o início do período de distanciamento social, esse número caiu para 1,5 mil. Entretanto, quinze dias depois, o cenário se reverteu e a empresa registrou aumento na venda de imóveis acima de R$ 1 milhão, relata Cruz:
— Os resultados do período atual se equivalem aos alcançados no ano passado. Em geral, o processo de venda de um imóvel de luxo leva cerca de 180 dias. Sentimos que esse período foi reduzido. Pessoas que já buscavam investir em imóveis aceleraram o processo.
Segundo o executivo, com a taxa Selic em 2,25% ao ano, os juros de financiamento estão muito baixos. Por isso, investir em imóveis tornou-se uma opção.
* Colaborou Camila Silva