Com a necessidade de manter distanciamento social, a StartSe, escola de negócios que realiza programas de imersão no Exterior, principalmente na China e no Vale do Silício, conferências e eventos presenciais precisou se reinventar. Em março, a receita da empresa despencou para 2% do que havia sido em fevereiro. Para estancar o declínio, os sócios reestruturaram o negócio e adaptaram os cursos para o universo digital. Com a estratégia, recuperaram 60% da perda.
– A entrega do produto sempre foi presencial. Do dia para a noite, as imersões internacionais, as conferências, todas as atividades ficaram impossibilitadas. Logo que começou a quarentena vimos muitas plataformas lançarem cursos online, alguns gravados. Porém, o mundo evoluiu muito rápido, não dá para ensinar algo que foi bacana há 10 anos. Por isso, criamos um novo curso que ajuda o usuário a se preparar para enfrentar a retomada das atividades no período pós-pandemia. Nossa missão é sair melhor disso tudo e não maiores, com mais receita. Isso não depende só dá gente, depende do mercado, de vários outros fatores, mas quando o mundo voltar ao normal podemos estar melhores – afirma Pedro Englert, CEO da StartSe.
A reestruturação da StartSe tem duas frentes: um curso gratuito com duração de 30 dias e cem aulas para capacitação durante a quarentena. Batizada de ReStartSe, a plataforma foi ofertado em parceria com outras empresas do segmento. Lançada no final de março, já foi acessada por mais de cem mil pessoas. O número animou a empresa, que vai lançar uma segunda edição do projeto. Por se tratar de curso gratuito, não tem impacto direto na receita, mas serviu como "termômetro" dos temas que tiveram adesão entre os usuários. A retomada financeira é resultado da adaptação dos cursos presenciais e lançamento de novas ações:
– Enquanto um time focou no ReStartSe, outro focou em digitalizar a StarteSe e criar novos produtos que sejam coerentes com o atual cenário. Lançamos o Programa Exponencial de Retomada, que aborda oito temas como gestão de crise, retomada e aquisição de clientes, entre outros assuntos, adaptamos cursos. Ninguém quer gastar, não adianta bater em preço, em um artigo lançado no nosso site, perguntamos 'Qual é o produto álcool em gel da sua empresa?'. Ou seja, o que é fundamental para as pessoas e empresas nesse momento. Os clientes só vão investir em algo que tenha valor para eles, algo que considerem essencial.
Segundo Englert, a meta da empresa antes da pandemia era atingir R$ 85 milhões em faturamento neste ano. Entretanto, diante do cenário, assume que definir uma meta financeira é impossível.
– O patamar de R$ 80 milhões não miramos mais, abrimos mão desse número como meta de receita. Porém, mantemos a meta de resultados. No ano passado, tivemos 50 mil alunos, provavelmente, iremos superar esse número, levando em consideração usuários digitais e presenciais – pondera.
Para o segundo semestre, a empresa está planejando digitalizar as conferências, uma das quais, a Varejo Tech, terá sua trilha de temas ampliada e os assuntos adaptados para o universo digital. Na avaliação do CEO, o mercado de educação executiva será cada vez mais demandando, diante da exigência imposta pelo cenário de que as empresas se reinventem para sobreviver:
– Esse mercado vai ser enorme. Todas as pessoas terão de dedicar um tempo para evoluir, ler um livro, ouvir um podcast, fazer imersão internacional. A competição no mundo digital vai ficar ainda mais maluca. Os conservadores que resistem ao mercado digital vão ver que é mais arriscado ficar parado. Vão ter de se transformar de forma mais rápida. O momento acelerou a imersão digital.
Desde 12 de março, toda a equipe da startup está atuando em home office. Englert avalia que o modelo também ganhará espaço no período pós-crise.
*Colaborou Camila Silva