A determinação de crescimento da plataforma de investimentos Warren não foi impactada pelo coronavírus. Ao contrário, foi em plena pandemia que a empresa nascida em Porto Alegre em 2016 atingiu seu primeiro R$ 1 bilhão em recursos sob sua gestão, fez sua primeira aquisição, contratou 23 pessoas e ainda tem 80 vagas abertas. A coleção de surpresas continua com o motivo da primeira compra: nascida 100% digital, quis ampliar sua presença no mundo físico, exatamente quando o mundo intensifica o uso dos meios eletrônicos.
– As pessoas que investem mais de R$ 100 mil preferem atendimento humanizado – afirma Tito Gusmão, um dos fundadores e CEO da Warren.
A incorporada foi a Patrimono, com unidades físicas em Curitiba (PR), Florianópolis, Jaraguá, Blumenau e Itajaí (SC), que era um dos 10 maiores escritórios vinculados à XP Investimentos. Sua a incorporação também ampliou os serviços da Warren para previdência, seguros e câmbio. Toda a negociação foi feita antes da pandemia, mas se concretizou pouco antes das restrições às operações físicas:
– Nosso negócio é menos impactado pela crise, pois somos uma empresa de investimentos e com grande base em tecnologia. Agora temos sete espaços da Warren para receber pessoas, todos fechados neste momento.
O tom não é de queixa, mas de constatação, Tito diz que, enquanto isso, Skype e Zoom – ferramentas de contato por vídeo – têm ajudado muito. Para dar conta do trabalho, a plataforma já tem 250 pessoas, contratou 23 nas últimas duas semanas e está com 80 vagas abertas. No início do mês, atingiu pela primeira vez o valor de R$ 1 bilhão em recursos administrados. No final, já tinha R$ 1,2 bilhão.
– A missão é chegar ao final do ano perto de R$ 5 bilhões, então ainda tem muita estratégia pela frente.
Outra mudança da empresa em meio à pandemia foi a criação de uma conta, chamada Warren 3.0, que remunera o correntista. Tito relata que a empresa detectou que 50% dos resgates dos investimentos feitos na plataforma eram feitos para pagar contas e iam para os bancos. Há uma semana, liberou as contas para 1 mil das 50 mil que estão na fila de espera.
A expectativa é liberar para todos em até dois meses. Um dos atrativos é a remuneração com 100% do DI, em vez da média de 30% usada pelos bancos, diz o empreendedor. A coluna quis saber quais são os investimentos que a Warren está recomendando a seus clientes.
Tito afirmou que tudo depende do sonho de cada um. Ele recomenda ter "duas caixinhas": uma para reserva de emergência, outra para o longo prazo. A primeira, que tem sua necessidade provada nesse momento de crise, deve ser suficiente ao menos para bancar seis meses com a renda atual.
Se a renda mensal é de R$ 10 mil, exemplifica, deve ser de R$ 60 mil. Estes recursos e a poupança para a aposentadoria, diz, devem estar 100% em aplicações de renda fixa pós-fixadas. A de longo prazo, afirma, tem de incluir ações em bolsa, por mais que a turbulência atual assuste.
– A gente costuma dizer que neste momento o dinheiro passa da mão dos apressados para a dos pacientes. Mas a longo prazo, todo brasileiro precisa aprender a investir em bolsa. O americano conservador tem 80% da carteira em ações. Aqui, não precisa ser 80%, mas tem de colocar pimenta. É verdade que é preciso ter estômago, mas é melhor entrar quando está caindo do que quando só sobe – pondera.
Tito sabe que a posição da Warren é privilegiada nessa crise. Às empresas que estão mais impactadas, tem dois recados: força e otimismo.
– Empreender não é fácil e, neste momento, os empreendedores precisam estar na linha de frente, renegociando com fornecedores, pedindo prazo no aluguel, encontrando linhas de crédito, digitalizando a operação com ferramentas como Instagram e Whatsapp. É uma crise grave, triste, muitas pessoas estão perdendo parentes e amigos, mas também é passageira. A China, que foi o epicentro, já não registra novas mortes e a vida tem voltado a normalidade, com comércio batendo recorde de vendas devido a demanda represada. Vamos sair dessa.