Em janeiro, quando os diretores da Vibra disseram à coluna que pretendiam comprar empresas no Estado, ninguém imaginava que uma pandemia estava à frente. A dona das marcas Nat e Avia havia vendido 40% do negócio à americana Tyson Foods, recebendo uma injeção de capital para se expandir. Nesta quinta-feira, o primeiro negócio foi confirmado, com a compra de uma unidade da paranaense Somave em Soledade. Entre a aquisição e a expansão, a Vibra prevê investimento de R$ 500 milhões em cinco anos. Nesse prazo, a intenção é levar a capacidade de 1,27 mil toneladas de carne de frango ao mês para 8 mil toneladas.
— A gente está nesse negócio há muito tempo e já vivenciou várias crises. Em todas, como a carne de frango é a proteína mais barata, cresce. Além disso, é um projeto de longo prazo — disse à coluna Gerson Muller, CEO da empresa com sede em Montenegro, 4,5 mil funcionários espalhados pelo país e cerca de 3% do mercado nacional, com faturamento anual de R$ 1,5 bilhão.
Muller admite que é um projeto ousado, mas pondera que, além de ter aportado recursos, a Tyson vai ajudar a entrar em outros mercados, especialmente na Europa. A compra da unidade em Soledade ainda depende da aprovação de órgãos regulatórios, mas não deve enfrentar dificuldades, porque atualmente a Vibra não tem abate no Estado, portanto não há concentração de mercado.
— Produzir é a parte mais fácil, difícil é vender — brinca Muller.
Inicialmente, a produção de Soledade não será destinada ao mercado internacional, mas ao abastecimento regional. A intenção é liberar capacidade no Paraná, onde a Vibra tem planta, porque já está habilitada a embarques para a Europa. No investimento de R$ 500 milhões, estão incluídas a compra, a construção de um incubatório, uma fábrica de ração e a ampliação do frigorífico. O plano passa também por instalar cerca de 200 aviários na região.
A compra de um frigorífico em um momento em que unidades enfrentam surtos de covid-19 no Estado não preocupa Muller. Afirma que a Vibra tem experiência em produção de genética, está habituada a protocolos e restrições. Sem unidades de abate no Rio Grande do Sul até agora, a empresa tem uma comissão de contingência que se reúne diariamente para aprimorar os protocolos já muito exigentes.