Foi em plena pandemia que a fintech Nelogica, nascida em Porto Alegre há 16 anos, aumentou em 40% o número de clientes e abriu cerca de 150 postos de trabalho. Além disso, inaugura (sem aglomeração, apenas com assinatura de contrato) nesta quinta-feira (21) sua nova sede, na Avenida Carlos Gomes. A empresa, que oferece soluções para pessoas que querem operar na bolsa de valores, transformou um momento de adversidade em oportunidade de negócio. Como trabalha com ferramentas digitais, a fintech precisou fazer em 40 dias atualizações de funcionalidades previstas para os próximos quatro anos — quem já teve algum contato com esse processo sabe que é um desafio gigantesco .
Com a queda drástica no juro básico, houve grande aumento no número de pessoas físicas que passaram a buscar investimentos em ações. A Nelogica é uma das empresas que garantem que milhões de ordens de compra e venda de ativos sejam enviadas e negociadas na B3, nome oficial da bolsa no Brasil. Houve o duplo desafio de sustentar grande aumento na demanda com a operação remota.
— A pandemia se intensificou em São Paulo. Algumas corretoras parceiras registraram casos suspeitos. Começamos a observar o cenário da doença e dos desdobramentos econômicos, com juro básico superbaixo e as pessoas precisando procurar alternativas de renda. Reprogramamos o planejamento para uma oportunidade — relata a head (gerente) do marketing e negócios da empresa, Luise Pereira Senna.
A previsão se concretizou: em 33 dias a empresa ampliou em 40% o volume de clientes. O crescimento acelerado está atrelado ao fato de a investech ter se antecipado em relação à possíveis problemas de acesso desses novos usuários:
— Entendemos que precisaríamos de uma plataforma que suportasse vários acessos simultâneos e não caísse. Observamos cases como o da Netflix, que enfrentou problemas de conexão na Itália. Durante março, reestruturamos a rede. Os gestores da nossa TI não dormem há dois meses (risos). Ampliamos os contratos com fornecedores, pois precisávamos de um número grande de servidores disponíveis. Se um cai, o outro compensa.
Além de garantir que o sistema dos clientes não caísse, também foi preciso assegurar que o sistema interno da empresa resistisse bem durante o período de distanciamento social. Enquanto fazia isso, a empresa migrava os quase 300 colaboradores para home office. A gestão de crise foi coordenada pela head de pessoas, Suien Ellensohn Braga.
— No início de março, começamos a analisar possíveis cenários. Identificamos o grupo de risco, quem precisaria de novos equipamentos, em três dias deixamos tudo alinhado. A grande maioria dos 300 colaboradores foi para casa na primeira leva — relata Suien.
Agora, o principal desafio da chefe de pessoas é contratar 150 pessoas "para ontem":
— Temos muitas vagas, mais de 80% são para desenvolvimento de software e atendimento e suporte aos clientes.
Só na quarta-feira (20), 12 pessoas foram aprovadas no processo seletivo da empresa. De acordo com Suien, o objetivo é ultrapassar a marca de 400 colaboradores até o final do ano. Interessados podem se inscrever em jobs.kenoby.com/nelogica.]
* Colaborou Camila Silva