A educada e respeitosa reunião do presidente Jair Bolsonaro com governadores de quinta-feira passada (21) ocorreu depois do constrangedor encontro ministerial de 22 de abril, mas a memória do segundo está mais viva do que a da mais recente. Naquele dia, em vez de palavrões, Bolsonaro usou palavras gentis para se dirigir ao governador de São Paulo, João Doria, que fez o mesmo. O respeito e a educação ficaram só na retórica: os Estados ainda esperam o presidente cumprir sua palavra.
O Rio Grande do Sul espera receber um total de R$ 2,2 bihões, dos quais R$ 1,95 bilhão livres e R$ 260 milhões vinculados, conforme a Secretaria da Fazenda. O pagamento deve ser feito em quatro parcelas. No final da reunião de quinta-feira passada, Bolsonaro prometeu sancionar o projeto de ajuda que teve aprovação final no Senado em um sábado à noite, entre "hoje e amanhã". O prazo vencia na sexta-feira passada, dia em que foram reveladas as imagens da reunião ministreial que não sai da cabeça dos brasileiros.
Na segunda-feira (25), o Senado aprovou a medida provisória 918, que reestrutura cargos de chefia na Polícia Federal (PF). Extingue 281 cargos e cria 860 na estrutura de segurança que é tão cara ao presidente. Era uma das "questões técnicas"a que se referiu o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, que precisavam ser resolvidas antes da sanção.
Se Bolsonaro não sancionar a ajuda a Estados e municípios que soma R$ 60 bilhões em recursos novos na quarta-feira (26), a expectativa da Fazenda do Rio Grande do Sul é que entre em vigor automaticamente, 15 dias depois do envio da legislação pelo Congresso ao Executivo. A legislação brasileira prevê que, depois desse prazo, se o presidente não chacelar a lei aprovada, ocorre a chamada "sanção tácita".
Leia mais colunas de Marta Sfredo