Enquanto se esperam as condições para a retomada da atividade econômica, o que precisa garantir a sobrevivência dos negócios é a ação do Estado. Assim como em 2008, não se trata de um cavalo de pau na história econômica, mas uma simples constatação de que só os entes nacionais têm essa capacidade. É claro que todos que podem devem dar sua contribuição, seja R$ 1 bilhão do Itaú Unibanco, seja a família que divide a renda emagrecida pela crise com quem tem menos.
Em boa parte do país, o funcionamento normal das empresas está suspenso há um mês. Por mais que já existam planos de retomada, a incerteza sobre a evolução da pandemia ainda dificulta projetar uma data precisa. Para compensar a extrema incerteza, a resposta da grande maioria dos países é adotar medidas de compensação com recursos públicos.
Se a estratégia é desafiadora em economias organizadas, é ainda mais crítica no Brasil. Até agora, o governo brasileiro vem respondendo de forma lenta e incompleta. O apoio amplo para pequenas e microempresas, por exemplo, só será apresentado hoje, mais de um mês depois de muitos de seus alvos terem ficado praticamente sem receita.
Caixa e Sebrae vão apresentar um fundo para garantir crédito a microempreendedores individuais, pequenas e microempresas, que têm dificuldade nos bancos. É discutido há quase um mês, e só agora começa a ser entregue aos que precisam.
A preocupação dos empreendedores é legítima. Só não justifica atos que apenas elevam o estresse, como de sábado em Porto Alegre, que acenou até com o fantasma do temido cenário venezuelano para proveito político. Menos ainda o desafio à lei e à ordem estabelecidas que, neste domingo (19), teve apoio do maior responsável por mantê-las, o presidente da República.
No dia em que encerrou a crise com seu próprio ministro da Saúde, substituindo-o, Jair Bolsonaro lançou as bases de novo conflito com o Congresso que escalou degraus neste domingo, com sua presença em ato que pede fechamento do Legislativo e do Supremo Tribunal Federal (STF).