Como se previa nos relatórios matinais, a bolsa de valores de São Paulo perdeu o nível simbólico dos 100 mil pontos nesta sexta-feira (6), ao final da segunda semana consecutiva de turbulência no mercado financeiro internacional. O Ibovespa havia alcançado esse patamar pela primeira vez em março de 2019. Um novo tombo de 4,14% levou o índice a 97.996 pontos. O dólar, no entanto, freou uma sequência de 11 recordes consecutivos e fechou em ligeira baixa de 0,36%, para ficar em R$ 4,634.
Pesou no mercado financeiro a informação de que a saída de investidores estrangeiros do mercado de ações no Brasil somou R$ 44,8 bilhões entre 1º de janeiro e 4 de março. O valor é assombroso porque superou, em apenas 64 dias, a soma das saídas acumuladas em todo o ano passado, de R$ 44,5 bilhões, por sua vez um recorde histórico no Brasil. Essa fuga decorre principalmente dos sucessivos cortes no juro básico, que levaram a taxa Selic a 4,25%. Quase do mesmo tamanho da inflação anual, não rende aos investidores estrangeiros o ganho extra que compensaria o risco maior de investir no Brasil.
Esse é um dos motivos pelos quais os investidores no Brasil estão com incertezas ainda maiores do que nos demais mercados. Desde que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) anunciou um inesperado corte de 0,5 ponto percentual, na terça-feira (3), há expectativa de que o Banco Central brasileiro faça o mesmo. No entanto, economistas ponderam que não faz sentido o BC manter a intervenção no câmbio para frear a alta do dólar se vai tomar uma medida – uma nova poda na Selic – que incentiva esse movimento.
Até entender o que pode acontecer, o mercado freou o movimento de alta contínua mesmo sem novas medidas do BC, como pedia na véspera. Depois do fechamento do mercado, a instituição anunciou um leilão de linha – oferta de dólares físicos, com compromisso de recompra posterior – de US$ 1 bilhão para a próxima segunda-feira. É uma tentativa de garantir mais tranquilidade na retomada das operações.