O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O dólar voltou a subir nesta sexta-feira (7) e renovou o maior nível de fechamento, em termos nominais, de uma sessão no país. Curiosamente, no mesmo dia, houve a confirmação da menor inflação para janeiro desde o início do Plano Real, que entrou em vigor em 1994. Segundo o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve variação de 0,21% no mês passado.
Em tese, quando o dólar ganha força frente ao real, gera risco de aumento da inflação no Brasil. Depois da crise, o consumo vem apresentando sinais de reação, mas não decolou até o momento. Com a economia ainda em dificuldades, uma disparada de preços torna-se pouco provável, explica André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton Investimentos.
— A inflação não está subindo nem amarrada. O alto patamar do dólar não importa tanto. O que preocupa são as variações muito rápidas. Quando esses choques são registrados, fica mais difícil não haver repasse para os preços — frisa.
Nesta sexta, a moeda americana subiu 0,82%, para R$ 4,321. O recorde anterior havia sido registrado na véspera (R$ 4,286). Segundo Perfeito, a elevação da moeda na última sessão da semana reflete o temor de analistas com efeitos do coronavírus. Epicentro do problema de saúde, a China é o principal destino das exportações brasileiras — em 2019, absorveu 28,1% de todos os produtos verde-amarelos vendidos para o Exterior.
Outro fator por trás do avanço do dólar foi a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos. Como as estatísticas vieram acima do nível esperado, a cotação da moeda americana foi impactada.