O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A redução da taxa básica de juro em 0,25 ponto percentual para 4,25% ao ano ficou em segundo plano. O que chamou atenção foi o tom adotado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em seu comunicado após a reunião. No texto, o colegiado sinalizou que o ciclo de cortes na Selic será interrompido.
O documento afirma que "o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária". Ou seja, pé no freio nos cortes. Mais do que isso, o comunicado cita projeções do mercado financeiro que indicam Selic em 4,25% em 2020, subindo para 6% em 2021.
Com a redução, a taxa renova o menor nível histórico no país. O corte era aguardado pela maior parte do mercado financeiro. Outra possibilidade ventilada por uma parcela menor dos analistas era a de manutenção da Selic em 4,5%, devido à existência de riscos externos.
Na largada de 2020, a turbulência internacional gerada por fatores como o coronavírus fez o dólar subir no Brasil. Com a moeda americana em patamar elevado, há risco de inflação superior. "O comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco", reconheceu o Copom em seu comunicado. Enquanto o mercado aguardava o desfecho da reunião, o dólar fechou a sessão com baixa de 0,45%, cotado a R$ 4,239. A bolsa de valores de São Paulo (B3) teve alta de 0,41%.
Em teoria, a redução anunciada pelo Copom representa nova tentativa de estímulo a uma economia que ainda sofre para espantar a herança indigesta da última recessão. Um dos sinais das dificuldades foi a queda de 1,1% na produção industrial em 2019, confirmada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).